5 de out. de 2015

My Dear Nerd - Heart by Heart - Capítulo 28 - Nova Chance

POV JUSTIN
 Respirei fundo antes de abrir a porta do quarto. Encontrei Anna sentada perto da janela, com Amora nos braços. Não sei por quanto tempo fiquei parado à porta, observando-a, mas ela sentiu minha presença e virou-se lentamente para mim. Percebi que tinha chorado. E Anna me deu um dos sorrisos mais tristes que vi.
Ouçam Lauren Aquilina - Sinners 
- Oi. - disse ela. Por um minuto, toda a raiva por vê-la aos beijos com Sara desapareceu. Em seu lugar, uma tristeza me abateu. Respirei fundo mais uma vez antes de dar um passo a frente.
- Ashley me pediu para chamar você para o jantar. - falei, o que era verdade. Anna agradeceu com um aceno de cabeça.
- Descerei num instante, obrigada. - virei de costas para sair, mas fiquei parado onde estava. Arrumei o óculos no rosto, me virando para ela novamente.
- Estou fazendo você chorar? - perguntei. Ela me deu outro sorriso triste.
- Você já me fez chorar antes. Mas, dessa vez, nesse momento, não é por você. - respondeu, baixinho. Entendi por quem ela chorava. O avô morto.
- Anna...
- Amora está cuidando de mim. - fez carinho na cadelinha com o braço livre. - Você não faz ideia do quanto ela me ajuda.
- Sinto muito por sua perda. - dei outro passo, sem saber o que dizer. - Se eu pudesse voltar no tempo e...
- Mas não pode. Também gostaria de tê-lo salvo, mas não posso. Vou ficar bem, não se preocupe.
- Não há como não me preocupar. Odeio ver você assim.
- Então não veja. - sua voz transmitia todo o cansaço, toda a dor que tentava esconder.
- Não posso te deixar sozinha.
  Anna apoiou Amora delicadamente no lugar onde se sentava e caminhou em minha direção, ficando a uma considerável distância de mim, e se aproximando, até não sobrar mais espaço entre nós no abraço que veio em seguida. Ela apoiou a cabeça no meu peito, e meus braços rodearam sua cintura. Me peguei abraçando-a apertado contra mim
- Por favor, não fique chateado com Sara. Ela se sente sua falta mais do que imagina. É sua melhor amiga. - disse, entre o abraço.
- Ela se apaixonou pela minha namorada.
- Não sou mais sua namorada, Justin. - respondeu, nunca mudando o tom de voz. Ela tinha razão, afinal. - Ela pode estar apaixonada por mim, mas sente muito mais sua falta do que admite. Sara precisa de você. Por favor, não se afaste. Não a odeie. - ela saiu devagar dos meus braços, e olhou nos meus olhos, e me surpreendi mais uma vez com a beleza de seus olhos verdes que agora estavam tão tristes e sem vida.
- Vocês estão juntas? - perguntei, com estranho medo da resposta.
- Não. Gosto de Sara como uma grande amiga, nada além. - tentei não parecer aliviado com o que ouvi.
- Eu quero, qu-quero tentar de novo.
- Não faça isso. Não pode forçar um sentimento que não existe, será pior. - ela disse, com aparente calma.
  Quis dizer que não estava forçando nada, que havia algo, que era importante pra mim. Muito mais do que tinha reparado, até encontrá-la aos beijos com Sara, quando senti medo de perdê-la. Mas nada disso saiu. Só olhei pra ela.
- Na última vez que nos falamos, eu fui egoísta. Pensei apenas em mim quando desisti de você. A verdade é que não consigo desistir fácil de você, por mais que eu tente, no entanto, não posso fechar os olhos e fingir que não vejo que estou amando sozinha. Não posso obrigar você. E não posso fazê-lo feliz, não mais. Eu amo você, Justin. E por isso não posso, não quero ser egoísta com você. Eu escolho deixar você ir, ser feliz.
- Está me deixando ir.
- Estou. Você não me ama, e assim sendo, nenhum de nós seria genuinamente feliz. Você merece ter uma vida, e agora é o melhor momento para começar do zero. Amber te convidou para um encontro. Vá. Desculpe, acabei ouvindo sua conversa no telefone sem querer. - se desculpou quando percebeu meu olhar confuso. - Eu quero que vá a esse encontro, que se divirta.
- Mas e você? Anna, você precisa...
- Preciso que viva sua vida. Tem uma vida novinha em folha. O que tivemos foi maravilhoso, mas acabou. Está na hora de seguirmos definitivamente em frente. E não se preocupe, ficarei bem. Agora vá e se divirta.
  Anna Mel deu dois passos para trás. A olhei antes de sair. Fui ao meu quarto, encontrando Collin brincando com uma bolinha. Sentei na cama e fiz carinho atrás de sua orelha quando ele se aproximou de mim. Mandei uma mensagem para Amber, confirmando o jantar de hoje. A noite estava bonita, nenhuma nuvem no céu sem estrelas.
  Olhei para o quarto, buscando algo de que me fosse familiar, mas até as lembranças que vinham, eram confusas e incompletas. Faltava algo. Me sentia mais vazio do que podia lembrar. A custo levantei da cama e fui me arrumar para sair com Amber. Tomei um banho rápido e me vesti. Procurava um cinto, quando minha mão se chocou em algo. Olhei melhor. Era uma caixinha preta. Peguei-a e abri.
  Encontrei um par de anéis dourados e um papelzinho dobrado muitas vezes. Com ele na mão, fui até a cama onde sentei. Deixei a caixinha com os anéis na cama e desdobrei o papel. Comecei a ler.
  PS: Para dar à Anna Mel em um momento muito especial, provavelmente no ano novo. Já que passamos por tantas coisas juntos, já que salvou minha vida, já que a amo. E dar acompanhado de uma comida que ela goste, porque somos esse tipo estranho de casal. 
  Peguei a caixinha e a olhei por um bom tempo.
Parem a música
[...]
POV ANNA
 Ri de uma piada que Caitlin disse, enquanto fazia as unhas da loira. Era a noite das garotas. Só das garotas. O que significava que Damon e Mike não eram bem vindos. Justin saiu, assim como disse, para jantar com Amber, e eu sinceramente não queria pensar no que estaria acontecendo lá.
  Ashley e Caitlin me faziam esquecer essas coisas, o que ajudava bastante. Hoje o quarto estava mais rosa que o comum, até mesmo para os padrões da loira. As garotas estavam elétricas. Deixei me levar pela alegria delas.
- Ah, esqueci de falar, abelha. A Cait tem uma coisinha pra te contar. - a loira piscou pra mim, e minha amiga morena ficou vermelha como um tomate. Fiquei confusa, e a risada de Ash encheu o quarto. - Ela tá namoraaaaaaaaando! - ela cantarolou
- Ashley! Eu ia falar! - reclamou ela.
- Ai! Isso doeu, viu? Você já foi melhor manicure. - reclamou a loira.
- Não me diga que...
- Isso mesmo, abelhuda! - ela riu.
- Eu juro que ia contar, Anna. Ele queria dizer no mesmo dia, mas pedi pra ele tempo, pra te contar juntos. Eu notei que você não parecia tão bem, e decidimos esperar e...
- Tudo bem, Cait. - tranquilizei, rindo. - Quer dizer, é nojento saber que vocês vão transar, então, lavem-se bem antes de tocar em mim.
- Idem! - concordou Ashley, levantando a mão livre.
- É muito estranho, quer dizer, ele é seu irmão. - ela estava realmente sem graça.
- A gente se acostuma. - brinquei. - Mas me conta: quando foi? Ele que fez o pedido? Foi fofo?
- Aconteceu na última festa que ocorreu no campus. Ele foi romântico. Não tive como dizer não. - ela sorriu, apaixonada. Tentei não pensar que na mesma festa, Sara se declarou e Justin presenciou a cena.
- Também, né? Como dizer não para aquele gostoso?
- Ashley! - reclamou Cait.
- Eca! Ele é meu irmão.
- Desculpa, mas mesmo assim não deixa de ser um gatinho. Não tão lindo como meu Damon, é claro.
- Acho que agora posso vomitar. - fiz drama.
- Não. É ela que vai dar uns pegas no seu irmão. - ela riu.
- Ashley! Anna está ficando verde! - Caitlin riu, e acabei me juntando a elas.
- Ele beija bem? - minha amiga loira quis saber.
- Sério? Eu não preciso saber da vida amorosa do meu irmão nos mínimos detalhes, obrigada.
- Sou curiosa, você sabe. - ela piscou.
- Você não presta.
- Me ama que eu sei. Todo mundo me ama. - ela mexeu nos cabelos, dando aquele sorriso lindo que tinha, e não pude conter outra risada. Peguei outro Doritos do saco, molhei-o no molho cheddar e levei a boca. Estava saboroso.
- Que fofinho! Todo mundo namorando. - a morena quase bateu palminhas.
- Quase todas. - corrigi.
- Desculpe.
- Tudo bem. Quem precisa de um namorado quando se tem Doritos e molho Cheddar? -  dei de ombros. - Amora, você é nanica, mas estou te vendo. Nem pense em tentar por essa boquinha na minha comida sorrateiramente. - anunciei para a cadelinha que se aproximava.
- Tal cão, tal dona. Vocês foram feitas uma para a outra. - disseram as garotas.
- Eu sei. - ri. - Mas não divido a comida.
- É claro que não. - concordaram. Não me lembro de ter dado tantas risadas desde que ele se foi. Estava feliz pelo meu irmão, que tentava ser feliz com a garota que ama. Pelas minhas amigas estarem aqui, me fazendo bem e completa. Nossos cães conosco, brincando. Foi uma bela noite. Lembro de ter ido dormir sorrindo. Tive uma madrugada tranquila e sem sonhos.
   Fui a primeira a acordar com a barriga roncando. Deixei as garotas dormindo no quarto, tomei um banho rápido e fui até a cozinha, preparar algo para comer. A casa estava silenciosa, a vizinhança tranquila naquele domingo de manhã. Quando terminei de comer, no entanto, ouvi um barulho vir da sala. Quando lá cheguei, encontrei a porta entre aberta. Justin estava lá fora, com as roupas que tinha saído, as mãos nos bolsos, observando a rua deserta, o nascer do sol.
 Ouçam Ella Henderson - Yours
- Oi. - falei da porta. Ele se virou para mim, e sorriu. Estava lindo, mas sem os óculos. - Bom dia.
- Bom dia. - respondeu calmo.
- Chegou agora? Posso preparar um café.
- Na verdade, cheguei antes da meia noite. E não quero café, mas obrigada.
- Espero que tenha se divertido.
- Foi uma noite agradável. - ele disse. Mordi os lábios, direcionando meus olhos para o chão. Aguente firme, pensei. - Ela é uma boa garota, mas não estava dando certo. Terminamos. E a sua noite? Como foi? - perguntou. Dei alguns passos até ele.
- Foi muito boa. Noite das garotas.
- Noite das garotas. - ele riu, concordando. - Você me disse ontem que estava me libertando para que pudesse ser feliz.
- Eu percebi que desisti de você pelos motivos errados. Fui egoísta porque fiz aquilo por mim, não por você. Dessa vez, não foi apenas por mim, foi por nós. Não posso fazer você feliz, por favor não vamos voltar a esse assunto, acabou.
- Não acabou pra mim. Agora é minha vez de falar. Está errada, Anna. Errada se acha que não pode me fazer feliz. Se acha que não sinto nada por você. É verdade, não sei o que aconteceu antes de acordar naquele hospital, não sei do passado, mas sei do agora. - ele pegou minhas mãos e olhou firmemente nos meus olhos. - E eu amo você. E pra mim basta. Quero começar uma vida nova com você.
   Nossos rostos se aproximaram lentamente, até que só houvesse espaço para nossos lábios se tocarem. Senti a boca dele na minha, Justin totalmente entregue a mim, o calor do sol nos meus braços. Bastava pra mim. Estava tudo bem.

25 de jul. de 2015

My Dear Nerd - Heart by Heart - Capítulo 27 - Me Ame ou me Deixe Ir

POV ANNA
  Poucas pessoas estavam no refeitório desde que cheguei. Essa era uma vantagem de intervalos em horários diferentes. Dava tempo para pensar. Apesar de que, mesmo sem Caitlin aqui, minha mesa estava cheia de pessoas que faziam parte do meu grupo de estudos, discutindo o que fazer para o próximo trabalho. Pus o nome dela no grupo, já que minha amiga estava gripada demais para vir hoje. Os alunos de psicologia estavam do outro lado, conversando, estudando, contando piadas de psicólogos. Tentei me concentrar o máximo que pude no livro de história da arte, e até iluminei algumas coisas com marcador azul. Disse para meus amigos que voltaria logo, e deixei meus livros e lápis na mesa, ao lado de Vitória, uma colega de classe e grupo que eu gostava muito. Peguei meu celular e fui.
  Sai do prédio e fui até a mesma pontezinha de quatro dias atrás, e vi Sara para de costas para mim, observando a água abaixo de si. Andei devagar sob o piso de madeira até ela, parei ao seu lado. Ela continuou olhando pra frente, e assim ficamos alguns segundos em silêncio.
- Sempre gostei desse lugar. - disse ela, baixo, como se não quisesse perturbar a paz daquele ambiente. - Venho aqui muitas vezes para pensar, ou simplesmente observar a natureza. É como se nada de ruim pudesse me atingir. Mas atingiu. - então Sara olhou pra mim. - Eu falei com ele.
  Engoli em seco, mas não desviei meus olhos dela. Lembro que naquela noite, Justin estava irredutível, e não queria ouvir nada. Sara não insistiu e deixou que ele tivesse seu momento de fúria e se acalmasse. Eu, por outro lado, sequer me movi do lugar, porque não queria explicar nada. Ele tinha feito bobagens demais para exigir algo, para sequer se sentir no direito de ter raiva. Ele foi embora dali sem deixar a amiga falar, e recomendei a Sara que esperasse até o momento certo.
  Durante esses quatro dias, é claro que ele me evitou como o diabo correndo da cruz. Fiz o mesmo com ele, irritada pelo conjunto de coisas idiotas que ele estava fazendo. Não estava disposta a perdoar. Mas os dias passaram, ele se acalmou e ela conversou com ele. Então Sara me ligou e marcamos aqui, para conversar, mesmo que ela tivesse que perder metade da aula.
.- E como ele está?
- Confuso e furioso. - respondeu ela. - A verdade é que ele não sabe o que quer. E ainda está chateado comigo. E até entendo, já que a situação de vocês é complicada demais.
- Vocês continuarão sendo amigos?
- Não sei dizer. Sinceramente não sei. - ela suspirou. - Sinto muito por tudo isso. Estraguei tudo.
- Você não estragou nada. Não foi culpa sua ele ter caído dali, muito menos ter se tornado um idiota depois disso.
- Acha que as coisas vão voltar ao normal? Acha que ele vai recobrar a memória? E se ele nunca mais me perdoar? - perguntou, e parecia triste com a possibilidade de perder o amigo.
- Um dia, tudo isso vai ser só uma vaga lembrança de tempos distantes e incertos. As pessoas que eu amava e perdi.... eu sequer sabia sua cor favorita, ou o que panejava para o futuro. Sigo firme pensando que um dia vai parar de doer. Talvez nunca pare. Mas a vida é assim. E se ele nunca perdoar você, se nunca mais me amar... vamos ter que seguir em frente mesmo assim.
- Acha que pode me amar algum dia? - perguntou, virando-se completamente para mim.
- Não quero mentir para você. Ainda amo Justin. Preciso me livrar desses sentimentos antes, estar livre primeiro para mim mesma, antes de me apaixonar de novo. Não quero usar você para esquecê-lo, e não quero que pense que é isso que estou fazendo. Preciso de um tempo para mim, entende?
- Sei o que quer dizer. - ela sorriu fraquinho. - Sabe, me apaixonei por você desde a primeira vez que te vi. Quando descobri que você era a namorada do meu grande amigo, decidi te odiar, porque assim seria mais fácil não trair a confiança dele ou de fazer alguma bobagem. Com isso você me odiou automaticamente, porque, vamos ser sinceras, sei muito bem como ser irritante. - ri daquilo. Ri porque era verdade e porque entendi toda a antipatia do começo.
- Sabe mesmo. - concordei.
- Mas quer saber? Não adiantou muita coisa me afastar de você. Mas não vou forçar você a nada. Se um dia puder retribuir,vou estar aqui. - ela se aproximou e deixou um beijo em minha bochecha. - Agora tenho que ir.
  Observei-a enquanto se afastava, aliviada por ser tão compreensiva e uma pessoa maravilhosa. Dois ou três minutos depois, voltei para meu grupo de estudos, sentei e conversei sobre como seria desenvolvido o trabalho. Mas ainda tinha uma coisa a se fazer, e eu não podia esperar mais, apesar de querer muito. Precisava falar com Justin.
[...]
 Ouçam Claire De Lune - Skipping Stones
   Liguei para Ashley avisando que não iria com ela e os outros no carro. Quando a última aula do dia terminou, fui andando até um pub que ficava mais ou menos perto do campus. Pedi um café e uma fatia de bolo, Agradeci por não ter visto Justin durante todo o dia. Observei o céu cinza que se estendia infinitamente, pela enorme janela de vidro do lugar, Me sentia um pouco deprimida.
  Estava pensando nas consequências do que falaria para Justin e talvez até no que ele pensaria de mim se recobrasse a memória. Eu estava desistindo dele. E não tinha muita coisa a ser feita em relação a isso. Peguei minha agenda onde fiz anotações como comprar ração e novos brinquedos para Amora e materiais novos de arte, tentando focar apenas em mim. Já que é assim que seria daqui em diante.
  Agora chovia forte lá fora. A água fazia barulho quando batia no teto, o cheiro de grama molhada rondava o ar e tudo parecia acolhedor. Olhei ao redor, observando as pessoas e imaginando como seria suas vidas, se tinham tantos problemas quanto eu, se tinham olhos cansados ou não, ou se estavam felizes com a vida que tinham ou se desejavam ter mais. Foi assim que reconheci um par de olhos cor de mel, que já me encaravam há algum tempo. Talvez ele tivesse me visto chegar, pensei. Quanto tempo ele estava aqui?
   Fiquei nervosa quando ele suspirou e levantou, vindo na minha direção, então, sem saber porque fiz isso, deixei uma nota de vinte pratas na mesa e levantei, abrindo a porta. Do lado de fora a chuva parecia ainda mais forte, e já estava molhada quando tirei meu guarda chuva portátil da bolsa. Quando o abri, no entanto, percebi que estava quebrado, larguei com uma mistura de raiva e nervosismo na primeira lixeira que vi pelo caminho.
- Anna! - ele gritou atrás de mim. Quer saber? Acabe logo com isso, pensei. Me obriguei a virar e esperar que ele viesse até mim, se parecer se importar em estar totalmente molhado, assim como eu. Tentei ignorar o quanto ele estava bonito.
- O que você quer?- perguntei, quando ele parou na minha frente, um braço de distância.
- O que eu quero? Quero entender o que aconteceu naquela noite. - ele estava calmo quando falou.
- Bacana pra você... estou tentando entender minha vida inteira. Mas em resposta, foi exatamente o que viu.
- Você beijou minha amiga. - acusou ele.
- Sim, beijei.
- E não devia ter feito isso.
- Você está brincando comigo. - acusei de volta. Dei um passo a frente. - E não devia ter feito isso.
- Brinquei com você? Pelos céus, Anna Mel! Você ainda não entendeu minha situação? Eu não lembro de merda nenhuma! Minha cabeça está confusa. Cada um que diga uma coisa e nunca chego a uma conclusão... está tudo embaralhado na minha cabeça. Como quer que me concentre em você? Como pode dizer que estou brincando com você? Eu jamais faria isso.
- Jamais? - eu ri. - Tá. Finjo que é verdade.
- Como é que é?
- Eu entendo, muito mais do que pensa, pelo que está passando. Sei que não é fácil. E não estou te obrigando a se concentrar em mim, a única coisa que eu queria era que você se lembrasse de nós. Dos seus amigos, seu cachorro, sua namorada, sua faculdade, sua vida, Mas você não pode brincar comigo. Uma hora diz que está tentando achar o caminho de volta pra mim, dá a entender que sente algo por mim e me enche de falsas esperanças. Basta apenas uma morena gostosa te dar atenção que você ignora tudo isso. Não sou sua válvula de escape, não sou um brinquedo, sou uma pessoa. Com sentimentos. E estou cansada de sofrer.
- Nunca tive intenção de brincar com você. Mas tente me entender, por favor.
- Tente entender a mim, só por um segundo. Você pode ter perdido a memória, mas eu perdi pessoas que eu amo. E não posso fazer nada para mudar isso. Mas posso mudar as coisas em relação a você. Não vou permitir que me magoe, de qualquer maneira que seja. Me recuso. Por isso, Justin, se decida de uma vez. Não posso esperar você pra sempre, não assim. Já chega! Chega de sofrer. Quero viver minha vida, ser feliz, estou cansada de tudo isso. Vou você me ama, ou me deixa ir.
   Ele não me interrompeu uma única vez, e aproveitei para dizer tudo que pensava e sentia. Quando terminei, ainda chovia forte, estava completamente molhada e ele ainda olhava pra mim. Abriu a boca uma, duas, três vezes, mas nenhuma palavra saiu dela. Decidi não esperar mais, mesmo que doesse muito fazer aquilo.
- Eu faço isso por você. - suspirei, vendo aqueles olhos castanhos completamente perdidos, ainda amando-o, e prometi ser a última vez a encará-lo daquela forma. - Adeus, Justin. Tenha uma boa vida.
  Me virei e continuei andando, deixando-o parado na chuva, sem olhar pra trás.


NOTAS
 Oi oi gente! E então, o que acharam do cap? Espero que tenham gostado. Beijos e até a próxima.
Roupa da Anna: https://lh4.googleusercontent.com/-tGrAjsxDaxw/VNlIqibUHgI/AAAAAAAAApE/_2wPkkR5UUI/w928-h1353/0009.png


17 de jul. de 2015

My Dear Nerd - Heart by Heart - Capítulo 26 - Elastic Heart



POV ANNA
 É, as aulas tinham voltado. Férias sempre parecem passar tão rápido, e sempre fico impressionada com isso. Justin e eu estávamos nos aproximando, o que parecia ser bom, mas em compensação, ele ainda não lembrava de nada. E tinha uma garota tentando conquistá-lo, coisa que eu tentava ignorar, mas era difícil.
  Outra pessoa de quem me aproximei ainda mais nas férias foi Sara. Eles ficaram conosco na mesma casa durante todas as férias, e até dividi meu quarto com ela durante esse tempo. Mas nos últimos dias ela começou a ficar estranha, como se estivesse me evitando. O fato é que, ao menos não que me lembre, eu tenha dito ou feito algo que a ofendeu, depois das férias, ela simplesmente passou a me evitar de um jeito tão óbvio que fiquei com medo de perder sua amizade.
  Dobrei o corredor, voltando meus pensamentos para Justin e para a garota que estava paquerando ele, e o fato de fazerem o mesmo curso e serem da mesma turma. Pensei se teria chances contra ela, mas aquilo era inútil. Quer dizer, tivemos toda as férias toda juntos e mesmo assim nada aconteceu. Ele não era mais meu Justin, apesar de amá-lo como se fosse. Mas tudo tinha acabado. E a dura realidade de que teria de seguir em frente sem ele era aterrador.
  Então decidi focar nos estudos. E na Amora. Nos meus amigos. E na maravilhosa oferta de trabalho no restaurante do meu professor de culinária se eu ficasse ainda melhor na cozinha. Isso me ajudava e era por isso que não queria ficar parada. Pensar nas pessoas que perdi só iria me deixar ainda pior. Estava tão ansiosa para me manter ocupada, que até aceitei ajudar a comissão da faculdade a organizar uma festa de boas vindas depois das mini férias de abril. Também fui as compras com as garotas e compramos os trajes perfeitos para a festa de hoje a noite. Sara foi conosco, mas me evitou o quanto pode. Dessa vez, resolvi deixá-la em paz.
  Abri a porta do banheiro e fui direto conferir minha aparência no espelho. Lembrei que o professor de história da arte concedeu apenas poucos minutos para essa minha saída. Lavei as mãos e conferi a maquiagem e também o cabelo, quando a porta de um dos box's se abriu atrás de mim e o reflexo de Sara surgiu no espelho.
  Ela parou por um segundo quando me viu ali, enquanto eu observei seu olhar espantado por alguns segundos antes de me virar pra ela, com um sorriso tímido.
- Oi Sara. - falei.
- Eu preciso ir agora. A gente se fala mais tarde. - respondeu, andando até a porta, não chegando a alcançá-la porque segurei seu braço para impedi-la de ir embora.
- Você está me evitando. - acusei.
- Não estou.
- É claro que está e não finja que não sabe disso. - cortei. - Sinto se fiz ou disse algo que ofendeu você, não tive intenção. - larguei o braço dela esperando que ela pudesse me esclarecer o que houve.
- Você não fez nada. Só estou com muita pressa nesses últimos dias. - ela sorriu de lado, dando um passo pra trás. - A gente se vê na festa. - ela disse, fugindo de novo. Com um suspiro cansado, terminei o que fazia e voltei pra sala de aula. Seria um longo dia.
[...]
- Deixe por isso aqui. - a loira me parou no meio do caminho para arrumar alguma coisa que estava no meu cabelo. Sara e Caitlin pararam um pouco mais na frente, em uma conversa animada. O som era abafado do lado de fora, e eu podia imaginar que o lugar estava cheio. Os garotos chegaram antes de nós, e eu temia ver Justin com aquela garota. Tentei não pensar nisso.
- Estou orgulhosa de você, caso não sabia. - disse ela, quando terminou o trabalho.
- Orgulhosa? Você não tem motivos pra estar orgulhosa. - fiquei tão confusa quanto poderia.
- Porque acha que não tenho motivos? - ela cruzou os braços.
- Porque fiquei em negação, fugi da situação, e além de tudo estou irritada porque tem uma garota qualquer tentando conquistar meu ex.
- Foram tempos difíceis e você é humana. É natural. Mas está aqui, não está? Enquanto ao Justin, você sabe muito bem o que pode acontecer ali. Talvez ele recobre a memória, talvez não. Nenhuma dor é eterna. Você vai ser feliz e eu vou sempre ser sua loira linda que você ama muito. - ri e a puxei para um abraço. Quando nos soltamos, disse que ela estava linda e ela respondeu dizendo que sabia disso. Quando nos juntamos as outras, entramos no salão, todas sorridentes, e percebi que estava certa. A primeira coisa que vi foram pessoas dançando e Caitlin e Ashley foram se juntar à Damon e Mike na pista de dança.
  Em silêncio, Sara e eu fomos até John. Do lado dele estavam as duas pessoas que eu menos queria encontrar.
- Meninas. - John nos saudou assim que chegamos. - Encantadoras.
- Nós sabemos. - respondeu Sara, e não pude conter uma risada. Isso fez com que Justin e a garota com quem conversava percebessem nossa presença. Ela era mais alta que eu, morena, e mais corpulenta. Atendia pelo nome de Amber. Ele parecia feliz em nos ver.
- Oi gente. - disse ele, e sorriu pra mim. Me forcei a sorrir de volta e não bancar a ciumenta. - Bom trabalho Anna. Esse lugar ficou incrível.
- Verdade. Apesar das fotos do baile do ano passado parecerem melhor, você fez um bom trabalho aqui. O salão está "legal". - comentou Amber, se apoiando no ombro dele. Tentei entender se era uma alfinetada ou um comentário sincero.
- O lugar está mais incrível que todos os anos anteriores. - Sara disse, olhando pra mim. Era a primeira vez em dias que ela falava comigo sem que eu precisasse  me esforçar pra isso. Então, percebi que ela me defendeu de uma alfinetada de Amber.
- Só fiz meu trabalho. Obrigada. - sorri pra ela, agradecida.
- Naturalmente, ainda faltam...
- Se você soubesse o que essa garota consegue fazer, ficaria de queixo caído. É a melhor namorada que Justin já teve. Apesar de não lembrar disso, é claro. - Sara cortou antes que Amber pudesse continuar, e vi ódio nos olhos dela com o que Sara tinha feito. Fosse como fosse, não se deixou transparecer por que Justin estava ali.
- Eu gostei muito. - disse John, percebendo o clima tenso.
- Eu também. - concordou Justin. - Você contratou um excelente Dj. - continuou elogiando, ajudando a mudar de assunto.
- Demoramos tanto assim pra vir? - perguntou minha amiga, surpresa.
- O que? Nem Drácula viveu tanto tempo quanto vocês gastam pra se arrumar. - John respondeu, mas parecia rir. Ele era estranho... mas eu gostava dele.
- Somos quatro mulheres, John. O que você queria? E além do mais...
- Não demoramos muito. - completei a frase pra ela.
- Ainda bem que não esperaram por vocês. Dançamos muito, não foi? - Amber sorriu pra Justin, que só confirmou com a cabeça mas não sorria. Tive a impressão de estar desconfortável. Eu sinceramente não queria saber nada sobre eles. As coisas ainda ficaram piores porque, assim que ela terminou de falar, um grupo de pessoas puxaram Sara e John pelo braço, rindo e cantando, levando meus amigos para se divertirem, e bem longe de mim. E agora estávamos os três ali, em uma situação nada confortável.
- Soube que sua mãe e seu avô morreram. Como é que você está?
- Esse é um assunto que não quero discutir com você, nem com ninguém, Amber.
- Só tentei ser gentil. Justin me contou que você estava muito triste e que precisava de ajuda. - olhei pra ele no mesmo instante, sem acreditar no que tinha ouvido. Esqueci o ciúmes, pois estava furiosa demais com ele, e nenhum olhar culpado que ele me transmitisse ia resolver.
- Bom, eu só falei que...
- Pelo visto, você anda falando coisas demais. - cortei, falando alto o suficiente para ele entendesse que essa seria a palavra final. Não queria ficar mais um segundo sequer ali, nem saber até que ponto ele tinha falado alguma coisa. Saí de perto, me enfiei no meio da multidão, ignorei ele chamando meu nome. Andei até a outra ponta do salão, longe o suficiente dos dois, e dei uma boa olhada no lugar.
    Quantas pessoas sabiam disso? E do que sabiam? Até onde ele tinha aberto a boca, e até onde Amber se esforçou pra espalhar fofocas sobre a ex do cara que ela pretende ter algo? Ele não era assim, de contar coisas pessoais minhas pra qualquer um. De fato, ele tinha mudado. Peguei um copo de refrigerante na mesa, e dei um gole bem grande. Quando olho pra frente novamente, vejo Sara vindo na minha direção.
- Que merda eles fizeram? - perguntou assim que parou na minha frente. Contei a ela o que houve. - Quer saber? Eles que se danem! Vem cá. - ela tirou o copo da minha mão, deixou na primeira mesa que viu e me puxou pra pista de dança.
- O que você está fazendo?
- Te puxando pra dançar, o que acha? - respondeu. - Esqueça aqueles idiotas e dance. Se ocupe. Não é isso que está tentando fazer? - continuou ela. Respirei fundo, percebendo que ela tinha razão.
  Tive muitos minutos de paz, dançando com Sara. Encontramos os outros e dançamos juntos, rimos e apostamos quem era melhor. Era tão divertido que muita gente acabou se juntando ao grupo, Damon Mike e John começaram uma dança maluca pra fazer graça. Vi Justin do outro lado do salão, olhando pra nós, com medo de se aproximar do grupo, com Amber do lado. Não deixei que isso tomasse lugar nos meus pensamentos. Pelo menos até ela dar um beijo inesperado nele. Não quis ficar mais ali, ou saber se ele tinha gostado ou não.
   Ouçam Sia - Elastic Heart
  Todos estavam distraídos demais quando saí. Consegui me controlar bem até estar do lado de fora do corredor. Empurrei um vaso de vidro com plantas dentro no chão, uma mesinha, o cartaz da festa de hoje. Estava bem silencioso desse lado, e cada coisa que eu quebrava parecia fazer um barulho horrível.  Mas não me importei nenhum pouco. Deixei as lágrimas caírem. E foi assim até eu chegar na área externa. Só parei no meio da ponte de madeira que estava sobre o laguinho que dividia o campus, com os dormitórios do outro lado deste. Pus as mãos no corrimão e me permiti respirar fundo.
  Eu deveria saber que isso aconteceria um dia, mas admito que, não estava preparada. Olhei pra lua, e era como se a cena se repetisse várias e várias vezes, o beijo, Justin e outra garota. Era o ponto final. Eu sabia que tudo tinha acabado, mas a confirmação era bem pior, apesar de necessária. Respirei fundo uma, duas, três vezes.
- Ele é um idiota. - virei pra trás ao ouvir a voz de Sara. Não limpei meu rosto. Logo, ela estava bem na minha frente.
- Você está bem mais falante hoje. Porque se afastou de repente? Eu fiz algo errado? - perguntei. Não queria falar de Justin. Já tinha demais dele na minha cabeça, ele e seu beijo com Amber. Ela respirou fundo antes de responder.
- Eu sei. Sinto muito. É que estava sentindo coisas que não deveria, e temi tomar uma atitude e trair a confiança de um amigo. Mas percebi que ele está errando demais, e não merece toda essa cautela.
- Do que você está falando? - perguntei confusa.
- Não sei se vai gostar disso, mas eu sou gay. - ela disse.
- E?
- Não ficou surpresa? - perguntou. Parecia nervosa.
- Bom, surpresa sim. Mas se isso te faz feliz, eu fico feliz também. Ser gay não é um defeito, Sara.
- O ruim não é isso. É de quem eu gosto.
- De quem você gosta? E o que isso tem haver com você ter estado tão distante nesses últimos dias?
- Tem haver porque estou apaixonada por você, Anna. - fiquei ainda mais surpresa quando ela segurou meus ombros e me beijou. Nunca pensei que isso pudesse acontecer entre nós, mas comecei a entender o receio dela de ficar perto de mim, do jeito que me olhava ou quando parecia que estava massageando minha pele quando me ajudava com o filtro solar. Mas não recuei. Acabei retribuindo aquele beijo doce de uma pessoa que gostava tanto de mim.
- Que merda é essa? - nos separamos quando ouvimos a voz indignada de Justin, parado no começo da ponte.


NOTAS
 Oi gente. Passei um tempão sem postar, sinto muito. Espero que alguém ainda leia esta fanfic. Se sim, espero que tenham gostado do cap e me perdoem pela demora. Beijos e até o próximo :)
Roupa da Anna: http://data2.whicdn.com/images/30612372/large.jpg
Roupa da Cait: http://data3.whicdn.com/images/114423552/large.jpg
Roupa da Ash: http://data2.whicdn.com/images/113453344/large.jpg
Roupa da Sara: http://data.whicdn.com/images/147792874/large.jpg

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