13 de mai. de 2013

A Hora do Pesadelo - Capítulo 3 - O Pesadelo



POV NANCY
 Saí do closet já pronta, encarando meu reflexo no espelho. Minha mãe ainda me perguntava como tinha conseguido machucar as costas em uma banheira, estava confusa e pedia explicações. Mas seria louco dizer a ela que tem um cara que invade meus sonhos e tenta me machucar. Um cara que sabe meu nome e que feriu minhas costas e meu braço. Um homem que me assusta. Sempre o mesmo homem. Sempre nos meus sonhos. Ela com toda certeza me chamaria de louca, certamente não acreditaria em algo tão estranho. Por isso opinei por mentir dizendo que não sabia como aquilo tinha acontecido. Era a única a ter esses sonhos? Ou devo dizer pesadelos?
 – Está linda, querida. – comentou mamãe docemente da porta do quarto. Sorri fraco para ela observando a roupa simples que vestia pelo reflexo no espelho. Não estava tão mal, mas também não estava glamorosa.
 – Obrigada.
 – Seu amigo está esperando lá embaixo. – continuou ela. Arqueei a sobrancelha caminhando até ela, parando a sua frente. Tinha algo estranho em seu olhar. Ela estava estranha.
 – Está tudo bem?
 – Claro meu bem. Mas ande depressa, seu amigo Justin está esperando lá em baixo. – respondeu deixando um beijo em minha testa saindo do quarto. Peguei a bolsa andando pela casa até finalmente chegar à sala. Justin estava lindo e como sempre sorria para mim, observando meu corpo de cima á baixo. Corei.
 – Você está linda. – disse ele com um lindo sorriso no rosto, estendendo a mão para mim. Agradeci pegando-a caminhando junto a ele até a porta de saída, vendo do outro lado meus amigos e outros conhecidos.
 – Você vai adorar Nancy, já escolhemos o filme e vai ser bem divertido... – exclamou Lola em animação puxando meu corpo, obrigando-me a andar ao seu lado. Olhei o rosto de Justin por alguns segundos, virando a cabeça para frente com um sorrisinho fraco no rosto.
 [...]
 POV JUSTIN
   Arrumei-me melhor a cadeira, olhando para Nancy ao meu lado. Ela se mantinha atenta ao filme, saboreando com calma a pipoca que estava entre nós. Seus olhos verdes estavam vidrados na tela. Passei a mão pelo rosto arrumando o cabelo em seguida. Estiquei um pouco mais a roupa enquanto ela não olhava. Não sabia o que estava acontecendo comigo. Já se fazia mais de quatro meses que me sentia atraído por ela de uma forma que não poderia.
   Ultimamente seu sorriso me encantava, seus olhos me mantinham preso a ela, suas bochechas coradas, sua voz doce, seu jeito de sorrir e até quando fica tímida perto de alguém, fazia-me louco. Mas talvez ela não gostasse de mim. Nancy não era do tipo de garota extremamente inteligente, também não era a mais popular. Diferente das outras ela era reservada e misteriosa. Simplesmente adorava o jeito que arrumava o cabelo, os gestos que fazia quando falava o jeito bobinho de comer nachos e seu fascínio por eles. Ela era encantadora. Mas parecia tão estranha durante esses dias. Parecia estar com medo de sonhar, sua expressão não negava. Ainda lembrava seu semblante de terror quando dormiu durante a aula.
 – Será que eles não vão parar de se beijar? – perguntou ela em meu ouvido.
   Ri ao ouvir os estalos de beijos que meus amigos provocavam. Eles obviamente não assistiam ao filme. Fechei os olhos, abrindo os lábios espreguiçando o corpo. Passei o braço em volta do ombro de Nancy. A velha tática. Ela encostou a cabeça em meu ombro, enquanto minha mão acariciava seu braço. Respirei fundo fechando os olhos por mínimos instantes tomando certa coragem para o que faria a seguir. Abri os olhos para encará-la e tomar-lhe os lábios. Ato que esperava há meses para fazer. Porém ao virar para encará-la tive a surpresa de não vê-la mais lá. Confuso, encarei os lados, vendo às pessoas paradas com os olhos pregados a tela. Eles pareciam estar congelados, não se moviam, sequer respiravam. Levantei assustado da cadeira à procura de Nancy.
   Encarei tudo que pude sem encontrá-la. Olhei por momentos para a tela do cinema vendo a imagem parada. Ou estava parada. Já que a cena de beijo do filme de romance que assistíamos deu lugar a um fundo escuro. Um homem de chapéu e suéter listrado caminhava lentamente em minha direção. Ele carregava uma espécie de lâminas nas mãos. Tentei dar um passo a trás, sendo impedido pela cadeira. Observei a tela por mais uma vez arregalando os olhos. O mesmo homem atravessou lentamente a tela como a Samara Morgan. Com o coração acelerado em susto, corri o mais rápido que pude para fora do cinema. Abri a porta saindo na rua escura deserta. O vento bagunçava meus cabelos e o som das risadas malignas, me faziam arrepiar. Era alto completamente assustador. Dei inicio a uma caminhada lenta, encarando tudo que podia sentindo o coração bater a mil dentro do peito. Ouvia o som de risadas, de pessoas gritando em agonia, o som de facas se chocando. Olhei para trás enquanto caminhava, tornando a olhar para frente. Continuei a andar até avistar uma casa ao longe. Se bem que parecia uma escola mal assombrada.
 – Porque não brinca comigo, Justin?... – ouvi uma voz grossa falar ao longe. Encarei os lados não vendo ninguém. Estava ficando apavorado. Andei mais depressa, empurrando o portão de ferro entrando no pátio da provável escola. Encarei o gramado vendo uma menininha de vestido branco brincar de corda. Sua voz doce de criança, cantarolava uma música estranha. Era difícil saber por que cantava. Na verdade não sabia o que estava havendo. Apenas tinha certeza de que estava com medo. Muito medo.
 – Um, dois Freddy te pega depois. Três, quatro tranque a porta do quarto. Cinco, seis agarre sua cruz. Sete, oito fique acordado. Nove, dez não durma nunca mais. – ouvi o cantarolar da garota enquanto tratava de me aproximar um pouco mais. Ela brincava concentrada e quando me viu sorriu fraco. Eu conhecia aquele sorriso. Conhecia aqueles olhos. Ajoelhei-me a sua frente quando a garotinha, que por sua vez deveria ter seus cinco anos parou de pular ficando para a minha frente com o sorriso no rosto.
 – Oi. – disse ela sorrindo. Conhecia aquela voz.
 – Nancy Thompson? – perguntei confuso. Ela sorriu assentindo apontando para algo atrás de mim.
 – Você é bonito... Vai brincar com agente? – perguntou ela ainda a apontar para algo atrás de mim. Virei lentamente levantando ao mesmo tempo. Vi o mesmo homem que atravessou a tela do cinema. Ele levantou o rosto o que me fez arregalar os olhos, ao observar seu rosto queimado, desfigurado. Ele sorriu maldoso quando desci o meu olhar para as lâminas que ele tinha no lugar das mãos. Engoli a seco.
 – Quem é você? – perguntei dando um passo para trás. Ele deu mais um passo a frente.
 – Também não se lembra de mim, Justin?... Nancy também não lembra.
 – O que a Nancy tem com isso? Quem é você? O que quer de mim? – continuei assustado. Ele riu maligno.
 – Não se preocupe... Vou fazer você lembrar... – respondeu com o mesmo sorriso maldoso no rosto.
Arregalei os olhos, abaixando a cabeça, escapando de um golpe que ele desferiu contra mim. Virei correndo o mais rápido que pude na direção da escola, ou o que parecia ser uma escola. Bati o corpo contra a porta que parecia estar trancada. Em desespero, esmurrei-a notando os passos dele mais próximos de mim. Estava assustado. Dei um soco no vidro da porta, destrancando-a por dentro. Com o coração a mil entrei na escola batendo a porta fortemente. O silêncio reinou novamente. De respiração falha olhei para trás. No lugar da porta se encontrava, agora, uma parede verde bebê sem muitos detalhes. Encarei o corredor a minha frente, vendo a mesma criança de antes. Ainda de olhos arregalados, observei a pequena Nancy me olhar curiosa. Já não havia mais silêncio. O ranger de objetos era ensurdecedor. Tapei os ouvidos a vendo sorrir para mim. Um sorriso maldoso.
 – Está com medo, Justin? – perguntou ela. Seu olhar era inocente, porém seu sorriso era diabólico. Engoli a seco dando um passo para trás. Olhei para baixo vendo sangue molhar seus pés descalços. Dei mais alguns passos para trás, vendo o sangue ficar cada vez mais próximo de mim.
 – O que está acontecendo? – perguntei assustado, ouvindo risadas ao fundo. Virei o rosto para cima vendo a pequena Nancy, banhada em sangue, dos pés a cabeça. Ela caiu ao chão, provavelmente fraca. Abriu os olhos verdes, olhando em minha direção. Fiquei ainda mais apavorado.
 – Me ajude... – dizia ela ofegante. Minhas mãos tremiam, incontroláveis. Vi a pequena criança se contorcer e ainda banhada a sangue transformar-se na Nancy que eu conhecia. Meu coração bateu mais forte ao vê-la sendo arrastada pelo mesmo pé, pelo mesmo homem que tentou me atacar. Ainda parado pude vê-lo desferir um golpe contra ela. Olhei para o lado vendo uma barra de ferro e logo a tomei em mãos. Seus gritos eram ensurdecedores, doíam meus ouvidos. Ele brincava com seu corpo como se fosse um simples brinquedo. Poderia estar alucinando, mas não o deixaria machucá-la.
 – Deixe-a em paz! Seu monstro! Deixe-nos em paz! – gritei em um momento de pura adrenalina e medo. Acertei seu rosto com a barra de ferro que segurava nas mãos. Pude vê-lo cair. Em meu único momento de coragem, ajudei Nancy a levantar e juntos demos inicio a uma corrida pela vida, ou pela morte.
 – Você está no meu mundo. Não pode me machucar... – o ouvi dizer atrás de nós. Corremos entre alguns corredores, até entrar em uma das salas de aula. Deixei Nancy sentada em uma das cadeiras enquanto eu corria para fechar a porta. Depois de trancá-la virei para trás. Ela parecia vomitar sangue, e pedia por ajuda em meio aos soluços. Aproximei-me um pouco mais dela.
 – Nancy, você está bem? Não sei o que está havendo, mas vou tirar você daqui... – eu falava tentando acalmá-la. O pior aconteceu. Vi uma serpente sair de sua boca com rapidez, tentando me atacar. Cai no chão andando para trás, vendo o corpo de Nancy jogado ao chão. Lágrimas molharam meu rosto com rapidez. Aquilo não poderia ser real.
 – Está se divertindo?... – ouvi a voz do mesmo homem. A serpente ainda tentava me atacar. Medi olhares entre o corpo de Nancy e o animal a minha frente. A porta se abriu quando me encostei-me à parede da sala. Vi o mesmo homem, agora, á porta com um sorriso maldoso no rosto. Engoli a seco encarando o corpo da minha pequena que havia desaparecido. A serpente o mesmo. Estávamos apenas nós. Eu e ele. Em um instinto de proteção, levantei encostando-me ainda mais á parede. Não queria parecer fraco, assustado. Mas as lágrimas em meus olhos não negavam. Tão pouco mentia.
 – Espero que tenha gostado da brincadeira... Mas, o que acha de brincarmos um pouco mais?... – continuou ele, caminhando em minha direção. Deixei mais algumas lágrimas caírem, ao ouvir o som agonizante e, digamos que assustador de suas lâminas arranhando a parede. Sempre caminhando em minha direção. Olhei para o lado quando sentia a presença dele por perto.
 – Porque não me olhar?... Está com medo?... – ele perguntava em meio a risadas debochadas. Sua voz era grossa e fazia eco. Assustador!
 – Nancy foi mais corajosa do que você... – provocou ele. Como resposta a sua provocação empurrei seu peito fortemente. Saí de perto dele correndo o mais rápido que podia em direção á porta. Meu braço foi puxado com força para trás. Virei pondo a mão na frente do rosto, sentindo as lâminas em contando com minha pele, rasgando-a. Arrepios tomaram conta do meu corpo, e por instinto fechei os olhos com força ao sentir a dor e o sangue escorrer por entre meus dedos. Abri os olhos em seguida, esperando pelo próximo golpe, porém ao olhar para o lugar vendo a mesma sala de cinema. Com a respiração descompassada, encarei Nancy que também devolvia um olhar curioso. Sentia minhas mãos arderem e tremerem pelo medo.
 – Você está bem, Justin? – perguntou ela com sua voz doce e preocupada para mim. Assenti positivo com a cabeça, tomando melhor postura.
 – Está tudo bem. Apenas tive um pesadelo. – respondi retomando um batimento cardíaco normal. Ela sorriu fraquinho. Minhas mãos ainda ardiam. Mas parecia que Nancy não havia encarado minhas mãos.
 – O filme está tão chato assim? – perguntou brincalhona. Sorri fraco me recostando a cadeira acolchoada do cinema. Quando percebi que ela tinha sua atenção novamente ao filme, encarei minhas mãos vendo o corte de quatro facas em minhas mãos, onde também havia sangue. Engoli a seco, observando tudo ao meu redor. Ainda tinha a mesma sensação de risadas maldosas sobe meus ouvidos. Encolhi-me na cadeira, ainda assustado. Aquilo não parecia ser um simples sonho.
 [...]
 – Está tudo bem mesmo, Justin? – perguntava Nancy em meu ouvido. Apertei o guardanapo em minha mãe ferida. A pequena turma que nos acompanhava parecia muito entretida em sua conversa. Viramos mais uma rua, e assim pus as mãos no bolso. As mãos ainda ardiam compulsivamente. O ferimento foi profundo, doía muito.
 – Estou ótimo, obrigada. – respondi agradecido. Na verdade estava feliz por ela não estar morta, como no meu sonho. De fato era um enorme alivio.
 – Está estranho. Com o que você sonhou? – perguntou curiosa. Dei de ombros.
 – Não foi nada com o que tenha de se preocupar.
 – Justin, eu me importo com você.
 – Acho que já ouvi essa frase em algum lugar. – comentei rindo fraco, ainda caminhando ao seu lado. Ela riu. Provavelmente lembrando que eu tinha dito essa frase há poucas horas. Rimos juntos, virando mais uma rua. No mesmo momento vimos várias pessoas em frente à casa de um de nossos amigos, Dean. Curiosos, resolvemos nos aproximar da multidão que se aglomerava em frente à residência. Todos estavam muito curiosos. Vi ao longe, a mãe dele banhar-se em lágrimas. Era amparada gentilmente, pelo marido, pai de Dean. Olhei tudo confuso, vendo alguns policiais levarem uma maca, e sobre ela um corpo embrulhado em um plástico branco. Fiquei ainda mais confuso.
 – Moça, o que houve? – perguntou Nancy a uma das moradoras curiosas. A velha fofoqueira do 84. Ela sabia da vida de todo mundo, sabia o que fazíamos, quando fazíamos e do jeito que fazíamos. Uma das vezes que sai de casa de madrugada, em busca de uma aventura, acabei sendo visto por ela. Que por sua vez, não demorou a contar para meus pais. Fiquei uma semana de castigo. Até hoje não gosto dela. Não tem o que fazer. Vi a velha se virar para Nancy com o rosto curioso, mas ao mesmo tempo sabia que ela estava feliz por contar uma fofoca.
 – Pelos meus conhecimentos, Dean foi encontrado morto com o corpo aberto ao meio e rosto desfigurado. – falou a velha. Vi a expressão de pavor no olhar de Nancy. E aquilo bastou para me deixar preocupado também.

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