25 de mai. de 2014

My Dear Nerd - Heart by Heart - Capítulo 9 - Descontrole

POV ANNA
   Respirei fundo olhando para meu reflexo no espelho do banheiro da faculdade. Fazia exatamente quase duas semanas que ela tinha partido. E eu me encontrava completamente perdida com tudo isso. A ficha ainda parecia não ter caído, e por vezes, pensei que iria encontrá-la na cozinha, preparando o café da manhã para Mike, meu pai e eu antes da escola e do trabalho, como ela sempre fazia. Quando ainda eramos uma família de verdade. Pensei que iria vê-la arrumando meu quarto, reclamando da bagunça e da quantidade de potes de sorvete e sacos de salgadinhos espalhados pelo quarto. Me lembrava muito bem de como ela sabia lidar perfeitamente com meu horror á baratas e de como ela dava boas broncas no meu irmão. De como ela separava nossas briguinhas, e o jeito como conversava comigo sobre garotos. Eu sabia que podia contar a ela que nutria um sentimento especial por Damon naquela época, e seus conselhos eram ainda mais incríveis.
   Aquilo me fez lembrar também do meu pai, e de como eu sentia falta dele apesar de tudo. De como ele nos ensinou a andar de bicicleta, de como empurrava meu balanço o mais alto para que me deixasse feliz. Das bonecas que me comprava e dos muitos potes de sorvete que me deu. Do primeiro real que ganhei com o dente de leite em baixo do travesseiro, que eu jurava ser a fada dos dentes, descobrindo mais tarde, quem realmente que deixou o dinheiro. De como dizia que eu deveria chutar todos os garotinhos que tentassem ser meus namorados quando tinha seis anos.
 "Não foi acidental, sentimos muito."
  Aquela droga ainda estava na minha cabeça, presa como uma música muito ruim que não conseguimos esquecer. Aquilo queria dizer que, naturalmente, quem fez isso ainda estava livre. Fui interrogada assim que cheguei de viagem, porém, depois disso nada mais me foi dito, nenhuma novidade. Nenhuma. E minha irritação parecia ficar maior a cada dia que passava. Briguei com meu irmão por ele estar chorando, fiquei furiosa com o olhar de pena que os meus amigos sempre me dirigiam. Sentia ódio de Emília e seu grupinho com suas provocações e detestava a compaixão de Justin. Era um absurdo ver pessoas felizes e minha mãe morta. Eu odiava esse novo mundo sem ela.
  E aquilo me fazia pensar que, definitivamente, estava ficando louca. Eu via uma pessoa que, provavelmente estava morta, de vez em quanto. E quando falo isso, me refiro a Kate.  Sim ela. Eram rápidos vislumbres, em que ela estava sempre de vestido algo preto. O sorriso era o mesmo de sempre. Quase me peguei contando para Justin o que estava acontecendo. Que via Kate, que conversei com ela na última festa que Raquel Anderson deu antes de morrer. Me pareceu certo em um momento em que quase contei tudo; agora, agradeci por não ter falado. Ele com certeza diria que estou louca e eu não tirava sua razão, se esse fosse o caso. Poderia contar para Ashley, mas ela diria a mesma coisa.
   Abri a torneira e molhei as mãos, em seguida joguei água no rosto tentando acalmar os nervos. O professor de história não ofereceu resistência em minha saída da sala, mesmo quando saí no meio da explicação. E também não me importava. E sem surpresa nenhuma, lavar o rosto também não resolveu.
  Vesti novamente o casaco de couro preto, mas não tive forças de andar novamente na direção da sala. Até que ouvi um grito. Confusa, saí dali parando no corredor. Outro barulho estranho, que dessa vez parecia vir de um lago próximo, perto do jardim de trás. Tentei não fazer barulho com as botas de salto, para ouvir qualquer ruído. Senti o sol bater em meu rosto assim que saí do prédio. Estava no jardim agora.
- Querida? - quando virei para o lado, vi Justin sentado no jardim, papel e lápis na mão. E um violão. Ele levantou, caminhando em minha direção. Parecia confuso. - O que faz aqui? Você deveria estar na aula. - beijou minha testa, segurando minhas duas mãos em seguida. Como estávamos frente a frente, pude ver perfeitamente preocupação em seus olhos. E a maldita compaixão também.
- Fui ao banheiro e escutei um barulho estranho vir daqui. E porque você está aqui?
- Tenho esse período livre e resolvi escutar música e escrever novas melodias. Quando estiverem prontas vou mostrá-las para você. - sorriu deixando um beijinho em meu nariz. - Mas o que você disse sobre barulhos estranhos?
- Alguns gritos. - expliquei como se fosse óbvio. - Você não ouviu? - ele mostrou os fones de ouvido em resposta. O barulho veio novamente, e nos viramos na direção do lago. Os arbustos bloqueavam nossa visão, mas a curiosidade era bem maior. Eu quase gritei também assim vi um homem de casaco preto e que correu em nossa direção de braços abertos, saindo de trás dos arbustos. Desisti de fazê-lo segundos depois, assim que reconheci seu rosto. Justin sorriu mas eu não consegui repetir o ato.
- Pessoal! - quase berrou ele, abraçando-nos apertado e contente. - Como é bom ver vocês.
- Também é ótimo ver você, Collin. - disse Justin para o ladrão. Sim aquele mesmo ladrão da loja de doces, o mesmo dia em que um Doritos morreu. - O que veio fazer aqui?
- Estava dando uma passada pelas redondezas e resolvi falar com vocês.
- E os gritos que escutei?
- Ah, foi uma garota que tentei assaltar. Ela gritou assim que cheguei perto e nem esperou eu terminar de falar "passa a carteira!". Isso é muito frustante. - balançou a cabeça negativamente.
- Frustante é você continuar nessa vida. Pensei que tinha arrumado um emprego e que frequentasse uma igreja. - disse Justin, e me apoiei nele segurando seu braço. Estava à um bom tempo sem comer, e meu corpo estava mais fraco do que o comum.
- Eu tive um emprego!
- E?
- Cara, você não vai acreditar que se tem horário pra chegar e sair! - falou de olhos arregalados como se aquilo fosse a coisa mais absurda do mundo. Justin riu daquilo. - E tem muitas regras, tem fardamento, salário certo.
- Isso é ótimo! - Justin falou alegre.
- Não é não! - reclamou o outro. - Não nasci pra trabalhar, nasci pra ficar sem fazer nada. Não sei como vocês, pessoas de bem, conseguem ficar presos numa rotina pela vida inteira. Não cansa não?
- Você não sabe o que está dizendo. - repreendeu meu namorado.
- Pelo menos tentei.
- Deveria continuar tentando. - insistiu o nerd.
- Mas vamos sair desses assuntos tristes, porque hoje estou muito feliz. - disse Collin, o ladrão. Ele parecia mais jovem e bonito do que me lembrava. - Como está sendo a sensação de ser certinho e estudar nesse lugar perto desse bando de esnobes? Conseguiu gravar o primeiro disco? Vocês ainda namoram? - disparou em perguntas.
- É claro que estamos juntos! - falei na defensiva, irritada com a possibilidade que ele criou de estarmos separados. Como se já não bastasse ser órfã.
- Não entenda mal, baixinha, mas é que geralmente os casais do ensino médio não duram muito tempo. - justificou. - Eu sei disso, já tive muitos "clientes" assim. Mas estou muito feliz por vocês dois.
- Com "clientes" você quer dizer "vítimas"; e baixinha é a vovozinha! Eu cresci desde que terminei o ensino médio, okay? - ele riu e Justin o acompanhou.
- Okay. Mas porque você está com essa cara de enterro? - riu mais uma vez. - Quem morreu?
- Minha mãe.
- Oh! - ficou sem jeito ao perceber que eu não brincava. Uma raiva sem razão cresceu dentro de mim, pela milésima vez ao dia, e tudo que eu queria era sair daqui. - Foi mal, eu não sabia. Faz muito tempo?
- Duas semanas. - respondi seca. Justin me abraçou de lado, receoso por mais um ataque de raiva.
- Sinto muito, baixinha. Ela era uma velhinha legal, me deu até uma nota de cinquenta dólares uma vez.
- Você assaltou a minha mãe? - perguntei sem acreditar no que tinha acabado de ouvir. Fiquei ainda mais furiosa. - Seu canalha ridículo, eu vou acabar com você! - antes que eu pudesse fazer alguma coisa, Justin me segurou ainda mais firme. - Desgraçado!
- É melhor você sair daqui, Collin.  - Justin falou de um modo tão firme que o outro não se atreveu a discordar. Ainda tentava me livrar dos braços fortes do meu namorado.
- Eu sinto muito, muito mesmo, baixinha. - ele correu para longe, e quando ele sumiu no horizonte, Justin me soltou. Virei para ele, furiosa, esmurrando seu peito e ele apenas tentava me acalmar.
- Como você pode? Deixou aquele cretino fugir, canalha! - berrei, tentando machucá-lo como podia. Tive que parar quando ele segurou meus pulsos com tanta firmeza, que não tinha forças para me soltar. Minha visão ficou turva e por um momento pensei ter visto dois dele.
- Você precisa se acalmar, Anna. - quando consegui me livrar de suas mãos, dei um passo para trás, furiosa demais para me acalmar.
- Vá a merda.
 Aconteceu quando tentei fugir para longe dele. Caí na grama, o corpo sem forças, escutando Justin gritar por mim, correr ao encontro do meu corpo desmaiado no gramado da faculdade.
[...]
POV JUSTIN
Ainda Quinta-Feira, 21:30pm
Abri a porta que dava para o jardim e a vi sentada na grama. Vestia um pijama simples, fazendo pequenos carinhos na pequena Amora, deitada em seu colo. Ao seu lado vi a bandeja de comida parcialmente vazia, mas fiquei feliz por ela ter comido algumas frutas.

Ouçam: Demi Lovato - Heart By Heart [Karaoke / Instrumental]

 Andei devagar até ela e sentei ao seu lado. Algumas estrelas cintilavam no céu negro daquela noite fria. Enrolei o edredom ao redor de seu corpo, e logo a abracei por trás. Anna recostou a cabeça em meu ombro, e aproveitei para deixar um pequeno beijo em seus cabelos.
- Sinto muito por ter gritado. Você não é um canalha. - sua voz baixa, entregava o quanto ela estava magoada.
- Está tudo bem.
- Você me perdoa?
- É claro que sim. - respondi em seu ouvido, baixo e suave como um sussurro. Ela continuou fazendo carinhos no pelo macio e brilhante de Amora.
- Eu não vou conseguir, Justin. - simplesmente disse, depois de alguns segundos em silêncio. - Viver em um mundo sem ela. Sem eles. Estou tentando, mas se torna pior a cada dia. Não consigo.
- É claro que consegue.
- Você está errado. Quanto mais tento é pior. Não encontro razões para continuar lutando. Não consigo controlar minha raiva. - ela virou o rosto para olhar o meu. - Eu fracassei com ela.
- Não diga isso...
- Digo porque é verdade. Fracassei como filha, não contei a ela o que vi meu pai fazer, guardei uma mentira e deixei que ela partisse o coração da pior forma possível.
- Não foi sua culpa o que aconteceu com seus pais. Não tem como prever uma coisa dessas, Anna. Você não poderia saber o que se passava na cabeça dele...
- Eu deveria ter desconfiado, ou sei lá. Ter feito alguma coisa para impedir, ajudar.
- Você ajudou muito mais do que imagina. - a apertei mais forte contra mim. Escutei um ela suspirar, como sempre fazia para tentar impedir o choro.
- Sinto tanto a falta deles.
- Eu sei, querida. - beijei sua bochecha, tentando transmitir para ela todo meu carinho e cuidado.
- Soube que meu avô tem problemas no coração. Eu só cheguei a saber porque ouvi meu irmão falando com minha tia e avô por telefone, há dois dias. Eles não queriam que eu soubesse por causa da minha, segundo eles, "reação estranha à morte da minha mãe". Foi por isso que briguei com ele, Justin. - eu não sabia o que dizer, horrorizado com a notícia. - Estou perdendo meu avô. - continuou. - E ninguém me disse nada. - notei mágoa nas últimas palavras. Eu precisava fazer alguma coisa.
- Eles só estavam tentando proteger você. - tentei.
- Não quero proteção, Justin, eu só quero a verdade. Ao menos eu estaria preparada quando chegasse o dia. Tentaria ajudá-lo de alguma forma.
- Entendo o que está passando, meu bem, mas assim como eu, eles amam você. - segurei seu rosto para que ela olhasse para mim. - Eu sei que eles contariam para você, mas agora não era a hora certa para saber. Os acontecimentos foram muito recentes, e apesar da dor que você está sentindo, eu peço que lute pela sua vida. Tenho certeza de que Rose jamais gostaria de ver como você está agora. Você é a pessoa mais forte que conheço. - quando me permitir beijá-la, seus lábios eram macios contra os meus, um encaixe perfeito, um beijo que me fazia sentir vivo mesmo com ela estando triste. Não tirei as mãos de seu rosto delicado, sentindo sua respiração quente em meu rosto. A gota de uma lágrima rolou, molhando meu rosto e o dela durante o beijo; uma única e solitária lágrima. Quando nos separamos, observei seus olhos verdes, lindos e brilhantes encararem os meus. Meu polegar fez um carinho em sua bochecha, e sorri com a beleza daquela garota a minha frente, esbanjando dor e inocência.
- Eu amo você. - disse perto da sua boca.
- Eu também. respondeu ela.


NOTAS FINAIS
Então meu povoooo! Como vocês estão? Eu estou muito animada, adoro um draminha básico hihi. Mas o que acharam do cap? Ficou bom? Vão ter mais surpresas daqui em diante, rsrs. Demorei muito pra atualizar? kkkk Eu espero mesmo que tenham curtido o cap, eu adorei escrevê-lo (como disse adoro um draminha, rsrs)
Beeeijocas e até o próximo!!! :3
Roupa da Anna: http://data1.whicdn.com/images/88624316/large.jpg

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