18 de nov. de 2014

My Dear Nerd - Heart by Heart - Capítulo 15 - Esclarecimentos

POV ANNA
  Sentei no sofá ao lado de Justin, mesmo temendo o que iria ouvir. Ele estava nervoso, mas não tanto quanto eu. Pelo simples fato de não fazer ideia, até um dia atrás, que ele estava envolvido nisso. Não sabia o que ele tinha ouvido e visto, além de ser horrível relembrar algo que tentava esquecer todos os dias. Aquele dia me assustava, e saber que não conseguia lembrar exatamente do que fiz ali, era ainda pior. Queria acreditar que não tinha provocado fogo nenhum, pois tudo levava a crer que Kate estava morta, e não me perdoaria se tivesse tirado a vida dela mesmo que sem intenção. Mesmo que ela merecesse morrer. Para ser honesta, nada daquilo deveria ter acontecido. Só tínhamos quatorze anos na época.
- Não sei por onde começar. - ele disse baixo, com os braços apoiados nos joelhos. Ele não ousou me olhar nenhuma única vez.
- Eu dei um dia para pensar no que diria, Justin. Não exigi que contasse ontem porque era o aniversário do Damon, e ele não merecia ter a felicidade interrompida devido nossos esclarecimentos. Mas agora a casa está vazia, a noite está calma, os cães estão dormindo e você já teve tempo suficiente para pensar. Não só desde ontem. Deveria ter me contado isso há muito tempo.
- Anna...
- Quero que me conte o que aconteceu, Justin. Eu preciso saber.
- Tudo bem, eu vou contar.
 "Era uma noite de domingo, tranquila como essa. Estava andando na minha bicicleta, quando passei pela sua rua. Você estava com Ashley, e pareciam sérias demais para duas garotas de quatorze anos numa linda noite de domingo. Nenhuma das duas falava, mas andavam de braços dados e à passos rápidos. Lembro perfeitamente de como você estava bonita, mas algo parecia perturbar você. Por isso resolvi seguir vocês, mesmo que de longe. Fiquei preocupado. Nunca vi você tão séria como estava naquele dia.
  Fiquei temeroso quando percebi que estavam a caminho da casa de Kate. Ela era o tipo de garota perigosa demais para a idade, e me preocupava saber que você andava com ela. Mas no lugar de entrarem pela porta principal, passaram reto por ela e seguiram por um beco um tanto pequeno, que ficava ao lado da casa de Kate, que dava para o armazém da família localizado atrás residência da família Benner. Eu deixei minha bicicleta do outro lado da rua, e as segui. Quando cheguei perto do armazém, só tive tempo de ver você entrar.e o portão se fechar. Fiquei perto de uma árvore, lembrando o quanto pareciam aflitas durante todo o caminho até lá; aquilo me fez perceber que não era uma visita de amigas prontas para diversão, mas sim um acerto de contas ou algo parecido. 
  Lembro que passei bastante tempo ali, parado, esperando você e Ashley saírem. Até ouvir alguns gritos virem do armazém. Não consegui entender exatamente o que estava acontecendo, mas reconheci a voz da loira, a sua voz, a da Kate e de Britney. Entendi que estavam brigando, pela agressividade na voz de Kate. A única coisa que entendi foi a voz suplicante de Ashley pedindo para que vocês se acalmassem, mas ninguém pareceu ouvir ou acatar. Você estava furiosa, Anna. Foi por isso que comecei a me aproximar da construção, tomando o cuidado para não ser visto nem por vocês, nem por alguém de fora. 
   Então ouvi o som de algo cair no chão, como se alguém estivesse em luta corporal. Nunca descobri se você estava brigando com alguma das meninas, mas era impossível não ouvir o som de tapas e vozes ofegantes. A única certeza que tenho, é que o que caiu no chão durante a briga, foi o estopim para o que aconteceu em seguida. Não tinham mais gritos ou tapas. Todo o som parecia ter sumido, para ouvir o que tinha tomado seu lugar. Se espalhou tão rápido quanto o vento, e como estava perto, pude sentir o calor como se estivesse lá dentro. O lugar estava pegando fogo. E fiquei apavorado. Aquele armazém continha produtos inflamáveis que estavam ajudando o fogo a se espalhar ainda mais rápido. 
  Corri até a porta, e tentei de tudo para abri-la. Mas alguém a tinha trancado por dentro. Agora, eu ouvia vozes desesperadas e preocupadas, eu sentia o pavor na voz de cada uma de vocês. Quando identifiquei sua voz, Anna Mel, a segui dando quase uma volta completa no galpão, até achar uma porta um pouco menor do que a central. O crepitar do fogo lá dentro me fazia tremer, mas consegui arrebentar o cadeado da porta com um pedaço de madeira. Quando entrei, uma cortina de fumaça atrapalhou minha visão durante alguns segundos, mas depois, minha visão ficou um pouco mais clara. Uma espécie de linha formada pelo fogo dividia o lugar ao meio, separando você e Ashley de Kate e Britney. A fumaça começava a me deixar tonto e um tanto sem ar, mas ainda sim continuei. 
  Foi então que eu vi você, deitada no chão como se estivesse dormindo, e Ashley ajoelhada a sua frente. Ela chorava e chacoalhava você, tentando te acordar mas nada daquilo estava funcionando. A loira estava tão apavorada que não conseguia pensar. Corri entre as paredes e produtos em chamas até chegar em vocês. Se sua amiga ficou surpresa ao me ver ali, ela não demonstrou, porque estava preocupada demais em me ajudar a tirá-las dali. Peguei você no colo e Ashley se apoiou no meu ombro. Fui guiando-as, voltando pelo mesmo lugar pelo qual entrei. Ela vacilou algumas vezes, principalmente quando uma mecha de seu cabelo loiro quase tocou o fogo. Enquanto saíamos, tive certeza de ouvir a voz de Kate pedir socorro. Mas ela já estava distante demais, e mesmo se retornasse, seria impossível tirá-la do lugar em que o fogo ia cercando-a. Eu não conseguiria salvá-la.
 Quando estávamos do lado de fora, respiramos tão fundo a procura de ar puro, que perdi o equilíbrio e cai perto de uma árvore. Lembro que fiquei com você nos meus braços, ouvindo o choro da loira e o crepitar das chamas que devoravam o armazém sem piedade. Não lembro de ter ouvido Kate gritar enquanto morria, e não sei como Britney conseguiu escapar, mas lembro de ter virado uma última vez e ver o lugar explodir. Assustados, fomos embora o mais rápido que pudemos. Ashley empurrava minha bicicleta enquanto eu carregava você. Passamos por um parque infantil vazio, e a primeira coisa que fiz foi deitar você na grama para começar os primeiros socorros. Peguei minha garrafa d'água da cesta da bicicleta e lavei seu rosto e deixei você deitada de lado. 
  O ar puro e nossos cuidados, ajudaram você a se recuperar aos poucos. Você acordou, mas como estava de costas para mim, não me viu. Talvez ainda estivesse meio tonta e sem entender o que acontecia. No final, foi fácil deixar vocês na casa da loira, ao qual os pais tinham viajado e a governanta "barra" babá dormia como uma pedra. Você também acabou adormecendo, provavelmente dois minutos depois de acordar no parque, e antes de levarmos você pra casa. Lembro que Ashley me perguntou como tinha parado lá, e porque as tinha salvo a vida. Ela estava imensamente grata e assustada com o que tinha acontecido. Depois de verificar que ela estava bem, a fiz prometer que não diria nada do que houve a você. Fiz Ashley prometer que nunca diria que estive lá. Que para você, ela explicaria que tirou, sozinha, vocês duas de lá. Ela resistiu por algum tempo, mas acabou cedendo. Fui embora minutos depois. E Ashley, bom, ela cumpriu a promessa." 
OUÇAM: Plumb - Don't Deserve You
  Depois de ouvir tudo aquilo, eu realmente não sabia o que dizer. Ali estava toda verdade e ainda sim custava em acreditar que tudo aquilo tinha acontecido. Mas Justin não estava mentindo. Eu não sabia o que pensar, fazer ou dizer. Minhas mãos tremiam um pouco com a lembrança do que houve, mas, de repente, as coisas pareciam se encaixar. Era tão louco, e ao mesmo tempo maravilhoso, saber que ele tinha nos salvado.
- Por favor, diga alguma coisa. Seu silêncio está de deixando louco. - Justin falou baixo, ao meu lado. Sua voz tinha um tom de súplica. - Não fique chateada com a Ashley, ela não disse nada porque eu fiz com que ela prometesse.
- Não estou brava com ela. - falei baixo, olhando para meus pés. - Ela é a pessoa mais leal que já conheci, e se ela prometeu, ela vai cumprir. Mas não entendo você. Não entendo nenhum pouco.
- Não me entende? - perguntou com cautela.
- Não. Não entendo porque preferiu manter isso em segredo desde o início. - quando olhei para seus olhos cor de mel, lembrei que quando acordei no parque e vi minha amiga me socorrendo, senti alguém me manter naquela posição enquanto eu puxava o ar puro para meus pulmões, e esse alguém não era minha amiga. Era ele. Sempre foi ele. - Você nos salvou, Justin. Você é um herói. Não só me salvou a vida, mas também salvou a vida da minha melhor amiga, na verdade ela é mais do que uma melhor amiga, é uma irmã. Você fez uma coisa maravilhosa. Nenhuma de nós estaria aqui se não fosse você. Porquê teve vergonha disso?
- Não tive vergonha.
- Não é o que parece. - levantei do assento, passando as mãos nos cabelos. - Estou tentando entender você, mas não dá. Se não teve vergonha, porque quis esconder?
- As pessoas diziam que eu perseguia você, que eu seria capaz de espiar pela janela pra ver você trocar de roupa. O que acha que aconteceria se eu contasse o que houve? Você certamente pensaria que as pessoas estavam certas, que eu estava te perseguindo quando tudo aconteceu. Eu não queria que você pensasse aquilo de mim, principalmente com as pessoas que você andava, Anna.
- Jamais pensaria algo assim de você, Justin.
- É porque me conhece muito bem agora, mas naquela época, quase nunca nos falávamos. E seria fácil que você fosse influenciada por eles. Eu salvei você, mas não foi pra ser o herói da cidade. Salvei você porque te amava e não deixaria você morrer, principalmente daquele jeito. Eu queria você bem, e depois que estava em segurança, vi que minha missão tinha sido comprida. E sinto muito por não ter contado.
  Ali estávamos os dois, trocando olhares intensos, de pé, no meio da sala de estar.  Eu ainda não sabia como reagir ao que tinha ouvido. Tudo que podia, era sentir meu coração bater à mil. Lembrei que antes do armazém em chamas, Justin já sofria Bulliyng, e me irritou saber que aquilo contribuiu para que esse acontecimento fosse um segredo. Poderia ter conhecido-o antes, poderíamos... Céus! Agora, só podia pensar no quanto era sortuda, no quanto estava grata por ele ter aparecido e nos tirado de lá, por ele ter estado lá por mim desde quando não havia um "nós". E, bom, agora, só podia pensar no quanto queria beijá-lo.
- Falando como a Anna do passado: Obrigada, Justin.Você salvou minha vida e a da minha amiga. - suspirei fundo, dando um passo a frente. Estávamos à alguns poucos metros de distância.-  Falando como a Anna do presente: Obrigada, Justin. Obrigada por estar sempre lá por mim, mesmo sem eu merecer. Obrigada por salvar a vida da doida que eu amo tanto, obrigada por ter cuidado de mim e me amado. Obrigada por ser quem você é, e não, eu jamais odiaria você por isso. Não tem que se desculpar por nada. Você é um herói, Justin. O meu herói. E eu não mereço você.
  Poucos segundos depois, ele tinha segurado meu rosto com as duas mãos e beijado minha boca. Imitei seus movimentos, saboreando aquela maravilhosa sensação que aquele beijo provocava em mim. Era sempre como se fosse a primeira vez, e agora não era diferente. Era ainda mais especial porque tive mais uma confirmação de que podia confiar minha vida a ele; e a vida das pessoas que eu amava. Com ele, eu estava segura. Pela primeira vez, desde a morte da minha mãe, eu estava feliz. Estava em casa.
Parem a música.
[...]
UM DIA DEPOIS...
- Eu quero lasanha também, não esquece de mim! - ouvi a voz de Caitlin vir da sala. Todos estavam esperando a comida ficar pronta para por o filme. Era dia de Cine Pipoca, porém, com lasanha. Lembro que estava conversando com Justin na cozinha quando Ashley apareceu. Não tivemos chances de conversar depois que falei com Justin na noite passada. Na suas roupas rosas de sempre, ela acenou tímida pra mim, olhando Justin de esguelha. Ele entendeu o recado: ela queria falar comigo.
- Vou acalmar aqueles malucos. - ele beijou minha bochecha. Quando passou pela loira, acenou, sorridente. - Olá loira!
- Oi Jujubona.- respondeu baixinho. Ela ainda ficou parada no mesmo lugar quando ele saiu, e restava apenas nós duas. - Você está chateada comigo? Eu sinto muito, sinto mesmo! Juro por todos os tubos de esmaltes cor de rosa da face da terra! Juro pela minha cachorrinha, por mim e até pelo Damon lindão. Eu não queria mentir, eu não quero perder sua amizade. Você é como uma irmã pra mim. Tá, uma irmã rebelde que não gosta de rosa, mas irmã mesmo assim.
- Não estou chateada com você. - ela arregalou os olhos com a surpresa de tal maneira que não consegui não gargalhar.
- Como assim? Quer dizer, eu escondi algo de você e...
- Eu sei que escondeu algo muito sério de mim. - falei quando parei de rir. - Mas fez isso porque tinha prometido a outra pessoa. Entendi desde o primeiro momento porque você escondeu de mim. Além do mais, você poderia ter me deixado lá pra morrer e ter salvado a própria pele. Justin me contou que viu você tentando me reanimar. Não me deixou lá, quase morreu junto comigo. Se isso não é ser amiga, então eu não sei o que é.
- Então você me perdoa? - ela deu um passo a frente, receosa. Andei até ela e lhe dei um abraço forte. Ela me abraçou de volta. - Prometo que nunca mais vou prometer algo desse tipo a alguém se for precisar esconder de você. Juro juradinho. - contou quando nos separamos.
- Tudo bem. - ri. - Ah, e prometa que vai me contar se afanar um dos meus doritos. Noite passada notei que faltou um.
- Eu tenho que contar sempre comer? Sempre? - perguntou.
- Claro. São meus bebês, ué!
- Tá bom, eu prometo sempre contar se for comer seus doritos. - concordou meio a contra gosto e sorri vitoriosa. Agora meus doritos estão salvos dessa devoradora sem controle! Enquanto ria, tiramos a lasanha do forno e partimos pedaços iguais para todos. Tá bom, vou ser sincera, o pedaço maior era o meu, mas ninguém ia perceber a diferença. E, em minha defesa, foi eu quem fez: então eu mereço comer mais do que eles. Mas voltando, nós levamos os pratos em bandejas para a sala. Só percebi segundos mais tarde quem estava sentado entre os garotos, conversando animadamente. Não pude conter o sorriso feliz.
- Vovô?
- Minha querida, é bom ver você! Seus amigos adoráveis me contaram que você fez lasanha para o Cine Pipoca de hoje. Posso me juntar a vocês? - o sorriso em meus lábios pareceu respondê-lo perfeitamente bem. Sim, ele não só podia, como devia.

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