18 de fev. de 2015

My Dear Nerd - Heart by Heart - Capítulo 19 - Ela Sonha com o Paraíso

 
POV ANNA
 Acordei assustada e com tanto medo que estava suando frio. Era a primeira vez em muitos anos que tinha aquele pesadelo. Eu tremia mais do que finos galhos de árvore no meio de uma tempestade. Tentei acalmar a respiração, mas meu coração parecia querer sair do peito.
  A primeira vez que isso aconteceu, foi depois que meu pai se matou. Naquela mesma noite, sonhei que estava no carro com ele, vendo seu desespero e sem fazer nada para ajudar. Aquilo era até pior que ter pesadelos com baratas. Sentei na cama, respirando e inspirando, mas não conseguia parar de tremer. Pareci mil vezes pior do que da primeira vez. Ainda tremendo, levantei da cama e sai do quarto, caminhando no escuro, assustada e quase chorando.
 Abri a porta do quarto de Justin, deitei do lado dele, me encolhendo toda, observando a noite, enquanto as batidas do meu coração iam aos poucos retornando ao ritmo normal. Pouco antes de dormir, tive a sensação de ser abraçada e de um beijo na minha bochecha.

POV JUSTIN
 Acordei com Anna Mel na minha cama.
 Calma.
 Não é exatamente o que está pensando.
 Na verdade, ela entrou no meu quarto, no meio da madrugada do sábado pro domingo. No começo, até pensei que fosse um ladrão, mas aí, ela deitou ao meu lado na cama, encolheu como se fosse um bebê. Percebi que ela estava agitada, e parecia estar no meio de uma tremedeira incontrolável. Pensei ouvir o início de um choro abafado que durou apenas alguns segundos. Percebi que era uma garota durona, apesar do medo de que sentia do provável pesadelo.
 As cortinas estavam um pouco abertas, e por essa brecha, a luz da lua atravessou a janela e se instalou no meu quarto; foi assim que pude ver ela acalmar-se aos poucos e pegar no sono. A cobri com o cobertor, pus meu braço em volta de sua cintura na intenção de fazê-la se sentir mais protegida (mesmo que estivesse dormindo) e dei-lhe um beijo de boa noite. É claro que não sabia porque cuidei de uma garota que invadiu meu quarto durante a noite, mas pensei que ela só não quisesse dormir sozinha.
 Na manhã de domingo, fui o primeiro a acordar. Anna tinha um sono tranquilo, e parei por alguns segundos para observá-la dormindo. Novamente, devo enfatizar que era muito bonita. Quando sai do banho, no entanto, a encontrei sentada na minha cama, e parecia um tanto tímida quando me viu. Arrumei o óculo, sorrindo pra ela em seguida.
- Bom dia. - falei.
- Bom dia. - respondeu baixinho. - Sinto por isso. - sentei na frente dela na cama.
- Você teve um pesadelo? Parecia muito assustada. - Anna suspirou, como se parasse para ver os prós e contras de me contar a verdade. Por fim ela disse:
- Meu pai se matou alguns anos atrás. - disse ela. - Sonhei com isso. - ela foi curta e direta. Fiquei muito triste por ela. - Desculpe por isso, não vai mais acontecer. - ela fungou, mesmo sem ter chorado e levantou da cama. Estava perto da porta quando a chamei. Ela parou e olhou para mim, e sem pensar muito, eu a abracei. Ela apoiou a cabeça em meu ombro, retribuindo o abraço.
- Sinto muito. - falei. E sentia mesmo. Continuei abraçado a ela, e era uma sensação muito boa. Anna tinha um perfume de melancia, o que combinava muito com ela. Me espantei quando me vi forçado a soltá-la e não quis fazê-lo; mas nos soltamos devagar e relutantes, bom, pelo menos da minha parte. Tirei uma mecha de seu cabeço do seu rosto, pondo atrás de sua orelha e olhei bem para seus olhos.
- Você está melhor? - perguntei. Ela sorriu fraco pra mim, mas parecia bem melhor.
- Estou, obrigada. E bom, sobre ter entrado no seu quarto, foi só a força do hábito. - explicou. Concordei, acreditando nela. Ela deu meia volta para sair do quarto quando a chamei novamente. Virou-se para mim, esperando que eu dissesse algo.
- Pode me fazer um favor?
- Claro.
- É que eu queria conhecer a cidade e o local da faculdade um dia antes das aulas, mas Sara me trocou por uma festa SPG e John por algo que tem que fazer mas que não me disse o que é. - ela riu, talvez por eu não ter gostado nada em ser trocado por uma festa.
- O que é uma SPG? - perguntou ela, risonha.
- Quer dizer; Só Para Garotas. Aquela traidora. - resmunguei. - Nunca mais vou emprestar minha tabela periódica pra ela. - Anna riu ainda mais.
- Ela já pediu sua tabela alguma vez?
- Não, mas se pedir eu não vou emprestar. - ela riu de novo, uma risada muito bonita de se ouvir, devo dizer.
- Sinto que sou a segunda opção aqui. Sabe, só sinto.
- O que? Não, nunca! - neguei rápido, porque tive medo que ela se sentisse ofendida. Mas ela me surpreendeu mais uma vez, rindo um pouco alto.
- Tudo bem, estava brincando. - admitiu o que me fez rir junto com ela.
- Que bom! - suspirei aliviado. - Então. Você pode me levar?
- Só me deixe tomar um banho e tomar o café da manhã. - concordou, pisando amigável, saindo do quarto logo em seguida. Ri comigo mesmo pensando que, mesmo em tão pouco tempo de convivência, percebi muito facilmente que ela amava comer. E ri ainda mais, porque aquilo era muito fofo.
[...]
- É um lugar muito bonito. - afirmei, sentado no banco do carona no carro, no caminho de volta pra casa.
- É verdade, apesar, é claro de ser estragado por certas pessoas. - disse ela, olhando atenta para a estrada. Não entendi.
- Como assim?
- Tudo que precisa saber por enquanto, é que lá existem pessoas legais e pessoas ruins. Mas não quero falar sobre isso agora. - explicou ela. Aceitei a explicação e arrumei o óculo no rosto. - A questão é que estou louca pra repetir o rito de passagem.
- O que é esse rito de passagem? - perguntei curioso. Ela me olhou por breves segundos de olhos arregalados.
- O quêeee? Você não lembra nem disso? - ela parecia indignada, mas percebi que era só brincadeira. - Eu deveria bater nesse seu traseiro branquelo por ser tão... tão... esquecido! Deveria dar um peteleco em você. - continuei rindo, sendo seguido por ela logo depois.
- Como é isso?
- É bem simples. Quando compramos esse carro, decidimos que cada um de nós iria inaugurá-lo cantando e dançando a primeira música que tocasse no rádio, em uma estrada longa e sem muito trânsito. Acho que você sabe porque do trânsito...
- Para o carro se mover sem interrupções de sinais de trânsito, engarrafamentos e afins.
- Entendeu direitinho. - sorriu. - É bem simples como pode ver, e como você não lembra de nada...
- Quase nada. - corrigi alegre.
- Ok. Quase nada. Então é como se fosse sua primeira vez nesse carro. E você vai inaugurá-lo cantando a primeira música que tocar no rádio. - esclareceu. - Ah, uma das regras diz que você deve fazer isso sem o cinto de segurança.
- Como? - perguntei assustado. - Quer dizer, é uma coisa bem perigosa de se fazer. Você sabia que grande parte dos acidentes no trânsito são causados por...
- Justin, qual é! É divertido.
- E perigoso.
- E divertido.
- Não vou fazer isso.
- Vai sim.
- Não vou.
- Vai sim.
- Não vou.
- Você não vai e ponto final. - disse ela.
- Eu vou e ninguém vai me impedir. Aconteça o que acontecer. - respondi e ela deu de ombros.
- Tudo bem, você quem manda.
- Hey! - reclamei, me virando para ela. - Você usou o truque do pernalonga, isso não é justo! - Anna riu de mim, mas acabei rindo junto com ela.
Ouçam Coldplay - Paradise
  Tirei o cinto (em um ato de muita coragem) e liguei o rádio do carro. Sentia ela me olhar de esguelha, um meio sorriso no rosto. Como as regras mandavam, deixei a primeira música tocar. Ela disse para que eu aumentasse o volume, e assim o fiz. Conhecia a letra porque Anna ouvia muito aquela música, e no meio daquela estrada na orla da praia, com o vento batendo no meu rosto, me senti livre e feliz.
- Cante. - disse e assim o fiz.
  E o mundo parecia novo e me sentia cheio de nostalgia. Era maravilhoso. Comecei a cantar mais alto, sem mais me preocupar com nada além daquilo. Não demorou muito para ela estar cantando comigo e estávamos rindo e cantando, sem a preocupação para a voz parecer bonita. Era bom do jeito que era.
  Aumentei ainda mais o volume.
  Era maravilhoso. Assustador. Me fez sentir livre.
  Anna Mel acelerou. Ríamos como idiotas. Sabia que ela estava atenta a estrada, mas não parecia preocupada em receber uma multa. Mas pela primeira vez desde que saí do hospital, nada mais me preocupava ou aborrecia. Não ali. Não naquele momento. Tirei os óculos e me senti ainda mais livre sem eles. Percebi que também estava feliz por ela estar ali comigo. Guardaria esse momento para sempre.
 Parem a música
[...]
POV ANNA
 Entrei no carro no banco do motorista e Ashley sentou no banco do carona. Os outros se instalaram no banco de trás. Como é de costume, aconteceu a briguinha matinal pra ver quem dirigia. Estou aqui agora porque ameacei todo mundo com um chute no traseiro. Depois, a briga vou pra ver quem sentava no banco do carona. Quinze minutos depois, a loira conseguiu esse direito dizendo que jogaria esmaltes em quem reclamasse. A parte boa é que isso fez Justin dar algumas (muitas) risadas.
- Então, pra onde vocês foram ontem? E porque só voltaram na hora de dormir? - perguntei quando já estávamos a caminho da faculdade.
- Andamos por aí. - disse Damon.
- Sabe, caminhando. - continuou Mike.
- Cruzando as ruas da vida. - falou Cait.
- E porque não nos chamaram? E não levaram o carro?
- Não queríamos atrapalhar. - disse a loira.
- E preferimos andar. - completou Damon.
- É uma pena, afinal, vocês perderam Justin fazer o rito de passagem na volta da faculdade.
- Justin fez o Rito de Passagem? E não estávamos lá pra ver ele amarelar? Qual é, não é justo! - reclamou Damon, o que nos fez rir. Quando foi a vez de Caitlin, ela ria mais do que cantava, mas acabou valendo porque ela normalmente ria de tudo, até de uma mosca de biquíni.
- Claro! Numa manhã de domingo e não tinha ninguém em casa. Foram vadiar e nem avisam, ué! Queriam que esperássemos por vocês? - perguntei dando de ombros.
- Hey, vadiar não. - discordou meu irmão. - Fomos apenas andar sem rumo definido pelas ruas da cidade. Apenas.
- Na verdade, nós procuramos vocês. - comentou Ashley em resposta. - Mas não queríamos incomodar, sabe? Entende? - Ashley erguia e descia tanto as sobrancelhas com aquele olhar de "humm, sei, danadinha!" que pensei que fossem parar na testa. Sem falar do sorrisinho malicioso de "conseguiu, né, garota? hehe" que me fez sentir uma imensa vontade de gargalhar.
- Sua idiota, não houve nada de mais.
- Claro que sim. - ela concordou, ainda com aquela cara de "finjo que acredito".
  O demoramos alguns minutos para chegar. Mas assim que estacionei o carro, vi Sara e John se aproximando de nós. Depois que todos desceram do carro, guardei a chave na bolsa.
- Pronto pro primeiro dia? - perguntou Sara para Justin. Ele afirmou com a cabeça. De repente, me perguntei se ele lembrava que tinha sofrido bullying no ensino médio. Se não lembrava, era a única parte boa de ter perdido a memória.
- Você vai ficar bem cara, não precisa ter medo.
- Não estou com medo, John. - respondeu Justin. - Só estou tentando me acostumar a tudo isso.
- Eu posso te ajudar a se acostumar, docinho. - reconheci aquela maldita voz e minha raiva surgiu de forma rápida e avassaladora. Ali estava Emília, sorrindo pra ele.
- Ela já sabe. - Damon sussurrou para mim ao meu lado. Concordei com a cabeça.
- Sabe o que eu te falei sobre pessoas ruins, Justin? - perguntei a ele, fazendo sua atenção se voltar para mim.
- Sei.
- Pois é. Está vendo uma bem a sua frente. - apontei para Emília, que sorriu para mim. Eu odiava aquele sorriso.
- Deixe de ser mentirosa e ciumenta, Anna. - disse com uma falsa suavidade. - Nós eramos grandes  amigos, Justin. Confiávamos um no outro...
- Mentirosa descarada.
- E você é uma baixinha muito nervosa. - rebateu Emília.
- Como é? Ninguém mexe com minha anã não, sua horrorosa! - reclamou Ashley ameaçando ir na direção de Emília, sendo impedida por Damon. Isso fez Emília rir de satisfação.
- Vem comigo, Justin. Vou te levar pra longe desse bando de loucos. - ela puxou ele para longe dali. Ele parecia não saber o que fazer ou em quem acreditar, mas resolveu segui-la mesmo assim. Sara estava de boca aberta em surpresa.
 Entendi exatamente o que meu professor de culinária quis dizer.
 Haverá muitos momentos difíceis.
 E infelizmente ele estava certo.

15 de fev. de 2015

My Dear Nerd - Heart by Heart - Capítulo 18 - Estranho

POV ANNA
 Duas semanas depois, Justin tinha voltado pra casa. Ele continuava a não lembrar de ninguém além da família e Sara e John. O convenci a voltar pra cá, dizendo que a melhor forma de lembrar de nós, era estar no lugar que viveu os últimos meses, com as pessoas que ele conviveu durante os últimos e longos anos. Era muito estranho, toda aquela situação. Não fazia sentido ele lembrar de algumas coisas e não de outras, apesar de todas elas estarem interligadas.
  Ele voltou, mas na saída do hospital, ele foi com Sara e John, em um carro separado. Eles pediram desculpas, mas os tranquilizei dizendo que eles não tinham culpa de nada. E realmente não tinham. Mas as vezes eu via nos olhos de Sara que ela não sabia como agir. Era sábado de manhã quando resolvi passar no quarto dele, antes de ir para meu curso de culinária avançada. Amora estava em meus braços quando me parei na frente da porta aberta.

POV JUSTIN
 Peguei um dos livros da estante. Seu título era Harry Potter e o Enigma do Príncipe, e foi estranho tocá-lo e sentir uma estranha familiaridade. Quando o abri, vi que havia algo escrito ali, em letras pequenas e graciosas, uma espécie de dedicatória na folha de rosto do livro.
   "Oi! Espero que enquanto você lê esse livro, ame essa história tanto quanto eu, apesar de você já saber que é meu livro favorito da série. Espero que lembre que esse é o primeiro de muitos livros que compartilharemos, entre muitos anos de namoro. Espero que sempre lembre de nós.
                                                                                           Com amor, Anna."
  Respirei fundo, adicionando aquela informação. Pelo jeito, ela realmente era minha namorada, e parecia me amar muito. Na noite passada, virei a madrugada descobrindo coisas por esse quarto, e pude concluir que eu também a amava muito. Mas eu não lembrava dela. Por mais que tentasse. E eu queria lembrar. Ainda estava com o livro nas mãos quando senti que tinha alguém parado na porta do quarto. Lá estava ela, e dessa vez, com um cachorrinho nos braços. Sorriu de leve pra mim.
- Oi. - disse ela.
- Bom dia. - respondi.
- Dando uma olhada no lugar? - perguntou, apontando para o livro na minha mão.
- É, passei um bom tempo vendo tudo, espero que não se importe, vou por tudo no lugar depois.
- Tudo bem, pode mexer no que quiser. - tranquilizou a garota, fazendo carinho no cachorro em seus braços. - Espero que tenha descoberto alguma coisa útil.
- Descobri muitas coisas, na verdade. - falei, dando um passo na direção dela. - Mas são coisas demais, e não lembro de grande parte delas. - continuei. Não sabia porque estava sendo tão sincero com ela, afinal, eu não a conhecia, mas mesmo assim eu estava contando. E apesar disso, pude notar que ela ficou um pouco triste quando disse que ainda não lembrava de nada. Se foi isso, tentou disfarçar.
- Você vai lembrar, é só uma questão de tempo. - a voz daquela garota era tão doce e tranquila que era muito fácil se deixar levar por ela. Se realmente nós tivemos algo, eu poderia concluir que tinha um ótimo gosto para garotas. Ela era, sem dúvidas, a garota mais linda que já vi.
- E se eu nunca lembrar?
- Gosto de pensar positivo. - sorriu fraco.
- Esse cachorrinho é seu? - perguntei.
- Essa folgada aqui, que só faz comer e dormir? - rimos da cadelinha que dormia. - É sim. O nome dela é Amora. - concluiu. Achei engraçado por nome de comida a um cão.
- Eu posso... Hmmm.... Segurar a Amora um pouquinho? - questionei tímido, mas ela sorriu pra mim, e entendi que podia. Amora era tão leve que era muito fácil segurá-la apenas com um dos braços e tão peludinha que provocava algumas cócegas. Não pude evitar um contato físico com Anna quando ela pôs a cadelinha nos meus braços, o que provocou um certo arrepio pelo corpo, que logo tratei de disfarçar. - Porque você está acordada tão cedo, em um dia de sábado?
- Eu tenho curso de culinária avançada aos sábados de manhã. - explicou ela, muito perto de mim, passado as mãos por todo o pelo macio da cadelinha. Os olhos dela subiram lentamente e pararam quando encararam os meus. Anna tinha lindíssimos olhos verdes e não pude evitar encará-los. Esperava não parecer um bobo. - E como quero ser uma chefe de cozinha famosa, preciso trabalhar duro.
- Quer ter o próprio restaurante? Isso é ótimo! - exclamei admirado. Ela riu. - Eu ouvi a garota loira, sabe, a maluca, dizer que você cursava Artes. Porque você está nesse curso se quer ser chefe?
- Posso te contar um segredo? - perguntou, e confirmei que sim. - Nem eu sei! - tentei não gargalhar para não acordar a cadelinha, mas aquilo não funcionou como deveria. Quando paramos de rir, Amora me observou com seus grandes olhinhos castanhos e parecia muito aborrecida por ter sido acordada daquela maneira. A devolvi para a dona, agora, rindo de Amora.
- Ela não gostou de acordar desse jeito. - ri.
- Nenhum pouco. - afirmou risonha.
- O que vai fazer sobre a faculdade?
- Vou esperar o processo de seleção começar para tentar gastronomia. Acho que já aprendi o suficiente. - respondeu. - Está pronto para voltar, na segunda?
- Não sei dizer, mas Sara estará lá, então, acho que não vai ser tão ruim.
- Boa sorte então. - dessa vez, o sorriso foi sem mostrar os dentes. Me perguntei o que a chateava. - Tenho que ir agora, não quero me atrasar. - sua fala foi acompanhada de um suspiro cansado.
-Tudo bem. - balancei a cabeça, afirmativo. Então ela se virou e saiu do quarto mais rápido do que veio. Agora eu me via sozinho naquele quarto, com um Husky Siberiano dormindo ao pé a minha cama. Me aproximei da mesinha de cabeceira e vi uma foto nossa, digo, Anna e eu, juntos, sorrindo, felizes. Peguei no porta retrato para olhar a foto mais de perto. Suspirei infeliz em seguida.
[...]
POV ANNA
- Sinto muito mesmo, realmente é uma situação desconfortável. - disse meu professor de culinária, no fim da aula.
- Ele lembra de pequenas coisas, mas grande parte ainda é desconhecida pra ele. É como se estivesse no meio de estranhos, não parece confiar em ninguém que mora lá. Apesar de, é claro, do lugar estar cheio de evidências de que ele realmente viveu ali.
- Justin só está inseguro e confuso. É normal. Você só precisa ter paciência, porque momentos ainda mais desconfortáveis virão.
- Eu sei. E muito obrigada por me ouvir. - suspirei, me apoiando na mesa. - Mas é muito difícil fazer alguém acreditar em você enquanto essa pessoa olha pra você como se fosse um estranho.
- Pense positivo, e tudo dará certo. - disse ele, segurando minha mão. - Está de carro? Posso levar você até sua casa, se quiser.
- Não, obrigada, mas eu tenho que ir a um lugar primeiro. Além do mais, caminhar é um exercício que vai me me ajudar a não ficar gorda, vendo o quando eu como por dia. - ele riu. Me despedi dele com um beijo na bochecha e fui embora. No caminho, como sempre, encontrei Margo e acenei para ela.
  No caminho de volta, não parava de pensar em como o ajudaria a se lembrar das coisas, de nós, e o que faria caso ele nunca recuperasse a memória. Essa incerteza era a pior coisa, de fato. E agora, me via na posição de reconquistá-lo, mas eu não sabia por onde começar. Se ele estava confuso, eu também estava. E com ainda mais medo. Eu queria acreditar que ainda havia esperança, esse era o único motivo por ainda continuar aqui. E ainda não sabia como dizer pra mãe dele o que tinha acontecido e tinha medo da reação dela.
  Quando cheguei em casa, no entanto, estavam todos na sala, Justin, sentado ao lado das únicas pessoas que lembrava.
- Abelha! Que demora, estávamos todos esperando por você. - falou a loira, assim que abri a porta.
- Ué, porque?
- Vamos dar uma volta por ai, todo mundo quer um piquenique na praia...
- Menos eu, sua amiga maluca me arrastou do quarto como se a casa estivesse pegando fogo. - Justin falou, e me assustei brevemente por ele ter tido coragem de falar.
- Não sou maluca, sua jujuba esquelética.
- É esquecida, Ashley. - corrigiu Damon.
- Isso também! - concordou ela, em seu vestidinho rosa de verão. - Então vamos logo...
- Vossa Majestade se importa se eu tomar um banho antes de irmos? - perguntei fazendo reverência, uma brincadeira típica, mas que ela na maioria das vezes, acreditava.
- Tudo bem, lhe concedo alguns minutos, mas seja rápida. Minha beleza belezuda não pode esperar muito. - concordou ela. Subi as escadas rindo.

POV JUSTIN
  Aquilo era bem estranho, e aquela loira era bem maluca. Uma pessoa aparentemente legal, mas muito maluca. Meia hora depois ela tinha quase me empurrado escada a cima para chamar Anna, fazer com que ela terminasse mais depressa.
  Quando vi Amora brincando com uma bolinha de borracha no chão, entendi que era o quarto certo. Entrei devagar, e a estranha familiaridade me pegou de surpresa mais uma vez.  Era um lugar acolhedor e muito elegante. Escutei o barulho do chuveiro e presumi que ela ainda não tinha terminado. Andei pelo quarto, e encontrei uma foto nossa na mesinha de cabeceira dela. Parei para olhar mais de perto. Havia outras espalhadas pelo quarto, dela com as amigas provavelmente no ensino médio, outra dela com a loira, outra com o irmão, uma com Caitlin, a garota risonha, e outra com o namorado da loira maluca.
  O fato era que estava entretido demais no que via, que não percebi que o chuveiro tinha sido desligado e que alguém saída do banheiro. Quando olhei para trás, tive uma visão completa de Anna apenas com uma toalha azul claro. E sim, fiquei muito, mas muito nervoso mesmo.
- O que você está fazendo aqui? - perguntou ela, segurando a toalha mais firme.
- Desculpa, é que Ashley pediu pra chamar você e... - cocei a cabeça com uma mão e com a outra arrumei o óculo no meu rosto. - É isso. Tchau! - quase sai correndo dali, envergonhado, mas gostando do que vi.

NOTAS FINAIS
Olá pessoal, espero que tenham gostado do cap. Beijocas e até o próximo :D
Roupa da Anna: http://data3.whicdn.com/images/163159227/superthumb.webp
Foto Antiga da Anna: http://data1.whicdn.com/images/162783812/large.jpg

14 de fev. de 2015

My Dear Nerd - Heart by Heart - Capítulo 17 - Caindo

POV ANNA
 Meu avô resolveu nos fazer uma visita na faculdade. Quando entrei no corredor principal, que dava acesso as salas de aula e ao portão de saída para o campus externo, de mãos dadas com Justin, sorri quando o vi ali. Nos abraçamos quando ficamos próximos, e percebi meu irmão ao lado dele.
- Olá para vocês. - ele sorriu docemente. - Mike e eu estávamos esperando vocês.
- Perdão pela demora, não sabíamos...
- Tudo bem, Justin. - meu avô cortou, ainda sorrindo. - O que acham de acompanhar este velho aqui, em uma caminhada por essa faculdade magnífica?
- O senhor não é velho. - disse Justin, bondoso.
- Só um pouquinho ancião. - completei, rindo.
- Anna! - reclamou Mike. - Não é ancião... Ele só é mais velho do que os dinossauros, mas que diferença faz, não é mesmo? - disse ele, risonho. Vovô bateu na cabela dele, e rimos ainda mais.
- Venham logo, suas crianças idiotas. - todos nós riamos como loucos. E tudo foi muito divertido.
  Mostramos nossas salas, aturamos meu irmão se exibindo enquanto explicava a área da psicologia que estudava, que era a Psiquiatria, e como era fascinante e que não era apenas "falar com os doidos". É claro que fiz uma piadinha sobre um "doido" cuidar de outro "doido", que fez todo mundo rir. Justin também entrou na brincadeira, e fez uma piada nerd; ninguém riu porque entendeu, é claro, e sim pelas caretas que ele fazia e a risada contagiante dele no final.
  Estávamos todos entusiasmados e contentes. Mike estava do lado esquerdo de vovô, eu do seu lado direito e Justin e eu ainda estávamos de mãos dadas.
- Vocês gostam mesmo daqui? - perguntou o bom velhinho.
- Adoramos esse lugar. Tirando, é claro, o fato de algumas coisas estranhas terem acontecido aqui. - respondi simples.
- Estranhas? - perguntou ele.
- É, uma garota foi morta nesse prédio, no próprio dormitório. - continuou meu irmão.
- E também uma colega morreu afogada, durante uma festa. - concluiu Justin. - Mas a nossa diretora, sra. Dumpper, nos garantiu que iria redobrar a segurança do campus, que as mortes seriam esclarecidas e que isso nunca mais irá se repetir. - agradeci mentalmente a ele por ser inteligente e rápido o suficiente para não deixar meu avô preocupado.
- Que bom, meu rapaz. Ficaria muito preocupado de deixá-los sozinhos aqui, sabendo que tem um maluco à solta e que a segurança continua a mesma. - sorriu aliviado para Justin, que retribuiu da mesma maneira. Paramos na frente da escada em caracol, que dava acesso aos dormitórios. Aquele era um outro prédio da faculdade, ou ala, como preferir chamar. Ou simplesmente dormitórios. - Aliás, muito obrigado pelos livros que me emprestou e recomendou, Justin. Li e adorei todos.
- Por nada, senhor. - agradeceu, mas parecia feliz e um tanto orgulhoso de si. Achei aquilo bem fofo. - Tenho outros livros e, se quiser dar uma olhada neles, ficarei feliz em recomendá-los.
- Eu adoraria. - sorriu largo dessa vez.
- Hey, pessoal, aquilo ali, na escada, no pequeno espaço de degraus no primeiro andar, e o recomeço do degrau das escadas no segundo, que vai para o dormitório das meninas no segundo andar, é um livro? - perguntou meu irmão, apontando para a escada em caracol. Era um livro, de fato, mas só se podia ver a lombada dele, que era bem grossa.
- É um livro sim. - disse Justin, olhando para cima. - Porque alguém deixaria um livro cair ali? Um livro grosso como esses, não é possível que o dono não o tenha sentido ou ouvido cair.
- Acho que essa pessoa estava muito apressada pra isso. - Mike opinou.
- De qualquer forma, vou pegá-lo e ver de quem é. - respondeu Justin. Soltou minha mão com doçura e foi subindo as escadas que davam algumas voltas. Quando chegou no topo, pegou o livro com as duas mãos e o abriu. Foi até o corrimão de madeira, e olhou para baixo, onde ainda esperávamos por ele. - O livro é da Emília. - disse.
   Achei estranho, porém nada mais importava depois do que vi. Uma pessoa vestindo preto dos pés a cabeça, luvas também pretas e capuz, surgiu atrás dele enquanto examinava o livro, apoiado no corrimão. Ele não percebeu e não pude alertá-lo, devido a rapidez com que aconteceu. O encapuzado se aproximou dele e o empurrou com livro e tudo. Justin caiu do primeiro andar, e já no chão, estava desacordado.
[...]
- Ninguém dá notícias, Ashley, como posso ficar calma desse jeito? - perguntei, de braços cruzados e batendo o pé no chão com impaciência. Meus olhos estavam marejados, mas não ia me permitir chorar até saber o estado real dele.
- Eu sei disso, abelhuda que me ama, mas ele vai ficar bem. E além do mais, a Jujubona não caiu de uma altura tão alta...
- É de grande altura, loira. - corrigiu Caitlin.
- Isso também. - concordou ela. - Talvez ele fique com uma dor de cabeça dos infernos e algumas dores. Mas só isso. - ela estava tentando me acalmar, e no fundo eu queria de verdade acreditar nela. Foi por isso que sentei na cadeira da sala de espera, mas levantei no estante seguinte quando o doutor chamou pelo parente dele.
- Sou a namorada dele. Como ele está, doutor, seja sincero. - falei, me obrigando a ficar calma.
- Ele está bem na medida do possível. Teve sorte da altura não ter sido grande, mas, ainda sim, isso causa danos que, ou desconhecemos, ou que ainda não podemos explicar. O cérebro humano e a forma como ele funciona em algumas situações ainda são um mistério para os cientistas, apesar de os estudos sobre ele estarem ainda mais intensificados. O fato é que ele quebrou alguns ossos, mas nada muito grave, mas está bem. Só precisa de repouso, e tomar os remédios que estão nessa receita para aliviar as dores.
- Então, ele está tecnicamente bem? - perguntou Sara. É, todos os amigos dele estavam ali. Sara, John, Damon, Ashley, Mike e Caitlin. Meu avô e eu.
- Tecnicamente, sim. - respondeu o doutor.
- Podemos vê-lo? - perguntei.
- Vocês são muitos, não podem entrar todos de uma vez.
- Por favor, doutor, é rápido. O senhor pode até ir com a gente. Damos todos um "olá" bem rápido pra ele, e depois vamos de dois em dois pra falar com ele e conversar melhor. - propôs Ashley. Como eu disse anteriormente, ninguém resiste aquela carinha fofa que ela fazia. Então fomos todos juntos ao quarto dele. E foi justamente no momento em que ele tinha acabado de acordar.
- Não falem todos de uma vez, mantenham a voz baixa e aproximem-se apenas o necessário da cama. Ele ainda não está totalmente recuperado. - recomendou o doutor, ainda na porta. Quando finalmente entramos, Sara foi a primeira a ir até ele. Justin sorriu quando a viu.
- Justin, seu bobão! Nós ficamos preocupados. Nunca mais faça isso. - ela ralhou com ele, que riu. parecia não entender muito bem o que estava acontecendo.
- Oi pra você também, Sara. - riu. - Mas como eu vim parar aqui?
- Você foi empurrado da escada dos dormitórios da faculdade, Justin. - respondi com cautela, chegando mais perto. Ele me olhou estranho.
- Fui empurrado da escada? Faculdade? Do que você está falando?
- Mas...
- Quem é você? - me interrompeu, me olhando de cima pra baixo.
- Como assim, quem sou eu? Sou Anna, sua namorada.
- Namorada?
- É, estamos juntos há quatro anos. Estudamos e moramos no mesmo lugar, todos nós, com exceção de John e Sara. É nosso primeiro ano na faculdade. - cheguei mais perto, mas ele continuava a me olhar como se fosse uma estranha.
- Desculpe, mas só lembro dos meus amigos, Sara e John. Não lembro de como os conheci, é claro, mas sei que os conheço. E não lembro de ter uma namorada. Acho que você me confundiu com outra pessoa. - eu ia responder quando o doutor segurou meu braço. Percebi que ele queria dizer alguma coisa. Por isso, mesmo intrigada, sai do quarto. Os únicos que ficaram lá, foram Sara e John. Uma vez do lado de fora, me permitir falar e expor minha dúvida pra fora.
- O que foi que acabou de acontecer lá dentro? - perguntei. - Ele não lembra de ninguém que está aqui. Nenhum de nós! O senhor disse que ele estava bem.
- E está. Fisicamente. - começou ele. - Mas, como falei antes, é muito difícil saber como o cérebro vai agir depois de um incidente como esses. Ao que tudo indica, posso diagnosticar pelos sintomas, que ele sofreu uma perda parcial de memória.
- Ele vai ficar bem? Vai lembrar de tudo, não é? - perguntei, tentando não chorar.
- Se tratando do cérebro, não podemos afirmar nada. Eu sinto muito.

2 de fev. de 2015

OneShot: Animals
















   Era assim que ele perseguia e pegava suas vítimas e as arrastava para o sono sem fim, como um demônio que vinha do inferno para se alimentar de criaturas indefesas e inocentes. Porque era isso que ele era. Não havia nada sobre amor, compaixão ou respeito do lugar de onde ele veio. Tudo que ele conhecia eram coisas perversas e que nem o ser humano mais cruel fazia ideia que existia. Porque ele era o ser humano mais cruel de todos.
   Parado do outro lado da calçada, parado a espera do momento certo para agir, ele não parava de olhar para uma garota ruiva de olhos castanhos claros, sua nova vítima, uma presa fácil. Mas ele gostava de fazer jogos. Justin, era assim que se chamava. E apesar da aparência angelical, seus olhos castanhos, quase em cor de mel, transmitiam toda a violência de que era capaz sem sentir uma gota de remorso.
   Mas ele lembrava exatamente do dia em que pôs os olhos na jovem e linda Lucy. Sua atenção estava completamente voltada para o estabelecimento no momento em que ela saiu. Sorria, enquanto acenava em despedida para as amigas, indo na direção oposta a elas, sozinha. Ele organizou suas roupas e começou a caminhar lentamente. Tinha chegado a hora.
   Quatro Semanas Atrás...
   Agora ele precisava de mais outra pessoa, para sua nada pequena coleção de vítimas. Ele era conhecido como O Estripador, mas qualquer um que o olhasse, jamais diria que aquele rapaz era capaz de tanta crueldade. Se aproveitava de sua perfeita camuflagem de bom rapaz como um diabético aproveita a chance perfeita para comer chocolate.
  O fato era que Justin não sabia desde quando tinha esses impulsos violentos e cruéis. E não tentava controlá-los. Considerava-se um grande artista, orgulhando-se de como seus crimes ganhavam fama e atormentavam pessoas por todo o país. Pensou que iria demorar para encontrar a vítima perfeita, mas naquele dia de sol, ele teve sorte; ela, no entanto, não sabia que a partir daquele dia, passaria a ter muitos 'piores dias de sua vida'.
  Foi fácil para ele se aproximar dela, usando sua bela máscara de personalidade. Lucy estava encantada com Justin.
   Três Semanas Atrás...
   Justin estava confuso. Conquistou a amizade de Lucy sem nenhum motivo, tendo em vista o modo como acabava com suas "presas". Ele não sabia porque não tinha torcido seu pescoço, ou arrancado um de seus membros enquanto ela ainda respirava. Lucy confiava nele, esse era o erro dela. Confiava rápido demais nas pessoas e aquilo acabaria com ela.
   Enquanto tentava entender a si mesmo, ele a cercava como um tigre cerca sua caça, como se precisasse provar algo para si. A seguia, sem que ela soubesse, até sua casa; a observava pela janela. A perseguia na rua, ou quando saia com as amigas. A ruivinha nunca notaria que seu possível assassino estava tão perto e seguia seus passos onde quer que fosse. Justin tinha uma foto dela, muito bem guardada, junto de muitas outras, garotas que ele tinha matado ou torturado. Tornou-se um jogo para ele, e claro, ele estava adorando.
   Duas Semanas Atrás...
   Ela o tinha convidado para uma festa em sua casa; não estavam sozinhos lá. Alguns poucos amigos, suficientes para manter o lugar razoavelmente cheio estavam na residência de Lucy naquela noite. Foi uma chance perfeita para ele conhecer ainda melhor o interior daquele lugar. E foi isso que ele fez. Se ela soubesse quem Justin era de verdade, jamais teria deixado ele se aproximar. Mas ele era charmoso o suficiente para que ninguém tivesse uma má impressão dele. Isso dava muito certo.
   Foi assim que O Estripador, ficou ainda mais próximo da garota, comemorando o aniversário dela junto com ela, na casa dela, com os amigos dela. Ele lhe deu um presente, e aquilo também fazia parte de seu jogo manipulador. Deu certo, como sempre.
   Uma Semana Atrás...
  A confusão na cabeça de Justin era enorme. Gostava de jogar com a mente das pessoas, mas aquilo já durava muito tempo. Pela primeira vez agiu sem pensar quando a convidou para jantar. Lucy aceitou o convite, encantada com o rapaz. Ele tinha raiva também. Não estava conseguindo matá-la e suas suspeitas de possíveis sentimentos por ela o atormentavam. Justin ão iria permitir aquilo. Mas se viu com ciúmes dela, um ciúmes possessivo e assassino.
 Tinha passado dos limites, aquilo tinha que parar. Ele sempre deveria estar no controle, e o tomaria para si novamente, e se viu obstinado e obcecado: tinha chegado a vez dela.
    Hoje...
 Justin pôs as mãos nos bolsos, e caminhou até ela, decidido, sem fazer nenhum barulho. Lucy andava por uma rua vazia e um tanto escura, o que o fez se perguntar se ela era muito corajosa, ou muito burra. Mas engana-se quem pensa que ele tomaria alguma atitude ali; ele tinha classe demais pra isso. Seus assassinatos eram bem articulados e bem teatrais, com visões espetaculares de corpos mutilados, uma "obra" de arte mórbida e horrível. Quando chegou perto o suficiente, Justin pôs uma das mãos no ombro da garota, que virou-se para ele, assustada. Ao reconhecê-lo, sorriu.
- Você me assustou, Justin. - disse, um tanto aliviada. Ele apenas sorriu, mas ela não fazia ideia do significado daquele sorriso. - O que está fazendo aqui?
- Eu é quem deveria perguntar. - falou com sua voz rouca e sedosa. - É um lugar muito perigoso para uma garota bonita andar sozinha.
- Sei me cuidar. - respondeu, feliz pelo elogio e pela "preocupação" dele.
- Ainda assim, insisto em levar você até sua casa. - pensando que Justin estava apenas cuidando dela, aceitou a oferta. Ao chegarem, Justin foi convidado para entrar e tomar um chá; obviamente não recusou. Eles sentaram-se no sofá e bebericaram o chá; O Estripador não tocou em nada, muito menos na xícara de chá, afinal não seria louco de deixar provas que o incriminassem. Iniciou uma conversa, para que ela não reparasse neste pequeno detalhe.
- O que acho do Estripador? - perguntou ela, depois que ele perguntou-lhe sua opinião sobre o assassino cruel. - É assustador, e muito bizarro.
- Saberia reconhecê-lo se o encontrasse? - rebateu o garoto.
- Acho que sim, psicopatas devem aquele "ar" de maldade, sabe?
- Se eu fosse você não julgaria por aparências; ele pode muito bem ser bonito, alto, charmoso. Nunca parou pra pensar nisso?
- Não penso nessas coisas. - Lucy deixou sua xícara na mesinha de centro. - Porque está perguntando essas coisas, Justin?
- O que faria se estivesse cara a cara com ele, nesse exato momento? - ele chegou mais perto, e pela primeira vez, Lucy ficou apreensiva perto dele. - Não sei Justin, porque está perguntando isso?
- Não precisa ficar assustada, só estava curioso. Estava brincando com você. - Lucy sorriu aliviada por alguns segundos, mas parou de sorrir depois do que ouviu a seguir. - Mas agora a brincadeira acabou e você precisa morrer.
  Ela levantou-se rápido do sofá e correu para longe, mas não foi rápida o suficiente. Justin a segurou por trás e apertou seu pescoço, estrangulando-a. Lucy lutava, mas ele era mais forte e tinha muito mais prática em matar alguém do que ela em se libertar. Antes que Lucy perdesse a consciência, ele revelou que era O Estripador, para que ela soubesse quem realmente a estava matando e que seria a próxima na lista de vitimas. Foi assim que ela morreu. Ele limpou as marcas de seus sapatos do chão, e usou apenas meias enquanto deixava o local do crime impecável. Deitou o corpo com cuidado no sofá, e parecia que ela estava dormindo. Dormindo como um anjo, o que de fato ela era para ele.
  Justin admirou sua beleza e percebeu finalmente que estava apaixonado por ela. Do seu jeito louco e possessivo, mas estava apaixonado. Não a matou por ciúmes, mas porque precisava fazê-lo desde que a viu. Apesar de apaixonado, era assim que ela deveria estar: morta. Foi pensando nisso que ele saiu da casa e essa foi a razão por não ter mutilado o corpo de Lucy enquanto ela ainda estava viva.
  No dia seguinte, era a vez dela de ser manchete policial.
  Ele voltou a cometer outros crimes hediondos.
  Porém jamais haveria outra vítima como ela. Doce Lucy.


Aviso: fiz essa OneShot ouvindo uma música da banda Maroon 5 chamada Animals, daí, o título.

1 de fev. de 2015

My Dear Nerd - Hear by Heart - Capítulo 16 - Um Dia Quase Normal

POV ANNA
  Guardei meu material na mochila, me preparando para ir embora da sala. Como era a última aula do dia, fiz tudo mais devagar. Enquanto isso, posso contar o que houve durante esse tempo.
  Fiquei surpresa quando recebi a visita do meu avô. Naquela mesma noite, ele contou para meu irmão e eu que decidiu fazer uma surpresinha e por isso não contou a ninguém que vinha. Ele disse que, primeiro, foi com minha tia visitar Clarice, minha prima presa. Ele disse que Clarice ficou feliz quando soube que ganharia um irmãozinho, e o pai dela, o qual sempre esqueço de mencionar, estava com eles também. Mas nenhum deles gostava da nova realidade de Clarice. Mas esse é um assunto que abordaremos em breve. Enfim, meu avô passou aqui para nos surpreender e ficaria aqui por um longo tempo. Acho que para se despedir da forma correta, seja ela qual for.
  Não tive tempo de falar sobre "o assunto" com ele, e nem queria. Na hora de dormir, naquela noite do Cine Pipoca, fui para o quarto de Justin com Amora e conversamos por horas. Tomamos um banho agradável de banheira juntos e fomos dormir. Não houve nada além de risadas e beijinhos durante o banho, e enquanto isso, Amora e Collin brincavam com o mordedor em forma de carneiro deles. Uma vez, minha cadelinha estava deitadinha perto da parede da sala, com a cabecinha apoiada nas patinhas; foi na época que ela estava doente, e todos os outros cãezinhos se deitaram ao lado dela, e era como se dissessem "Tudo bem, estamos aqui por você". Muito fofo!
   Tem sido dias tranquilos desde que meu avô chegou; como se ele trouxesse alegria onde quer que fosse. A loira continuava no seu "normal" e os demais, bem, doidos como sempre. Justin parecia ainda mais nerd e ainda mais bonito. Poderia classifica-lo como quase popular. E eu agradecia por ele não descer a noite para a cozinha pra comer meu Doritos furtivamente. Ele me avisava quando queria comer, e eu comia junto com ele, claro.
- Anna! - ouvi gritarem por mim no corredor. Sempre perco a noção do tempo quando estou conversando com vocês. Virei para trás, vendo Justin e Damon andarem em minha direção. Percebi apenas agora que já estava no corredor, com minha sala de aula muitas portas atrás de mim.
- Porque demorou tanto? - Justin perguntou, quando parou a minha frente.
- Provavelmente estava comendo escondido. - sugeriu Damon. Até que ele estava certo; em partes.
- Não sei porque vou perguntar isso, mas vou fazê-lo mesmo assim: Você viu Ashley por aí? - quis saber, pondo as mãos nos bolsos.
- Não, mas provavelmente está no banheiro retocando a maquiagem e arrumando o cabelo mais do que já está arrumado. - respondi simples. 
- E porque Caitlin não está com você? - questionou Justin, confuso.
- Não tenho essa aula com ela.
- Ah, bom. Certo. - disse ele. - Agora só falta encontrarmos os outros. - continuou ele. No segundo seguinte os demais andavam até nós. Até Sara estava entre eles; Sara e John.
- O que vocês estão fazendo aqui? Esperamos um tempão por vocês lá fora. - disse Sara.
- Procurávamos por vocês. - respondeu Damon.
- O que tem lá fora de tão importante que largamos mais cedo hoje? - perguntei.
- Vão fazer algo pra homenagear Angelina e Raquel. Estão formando fileiras lá fora pra que todo mundo entre organizadamente no auditório principal. - informou John.
- O auditório está lindo! Bem, foi o que disseram. - Cait deu de ombros. - Quer dizer, eu até gostava da Raquel, mas não me importo nenhum pouco com Angelina, aquela cascavel. 
- Ela me disse uma vez, Angelina, que ela tinha dois quartos reservados apenas pra guardar as roupas dela. - comentou a loira. - Isso não é verdade, não é? - perguntou ela, fazendo aquela carinha de "Poxa, ela não merecia as roupas que tinha!".
- Claro que não, ela só disse isso pra tentar fazer mal a você. - tranquilizou Cait, mesmo que todos soubéssemos que podia ser verdade; afinal, Angelina tinha pais milionários.
- Que bom! - a loira sorriu, aparentemente acreditando em Caitlin.
- Acho melhor irmos logo, antes que venham nos chamar pessoalmente. Não sei vocês, mas não vou muito com a cara da diretora desse lugar. - Sara disse, e como ela estava com razão, seguimos seu conselho. 
  Durante o caminho, alguns grupinhos de conversa foram formados. Caitlin, Ashley, Sara e eu andávamos um pouco mais a frente, conversando sobre coisas de garotas; riamos bastante, uma se apoiando na outra, fracas de tanto rir. Justin, Damon, Mike e John vinham logo atrás. Eles também gargalhavam, apesar de eu não fazer ideia do que falavam. Provavelmente, coisas de garotos. Mas quando todos sentamos em nossos respectivos lugares no auditório, as risadas e brincadeiras cessaram por motivo de respeito. Como tinham muitas pessoas entrando, meus amigos e eu sentamos na mesma fileira, porém, completamente misturados. A ordem era: Damon, Mike, Ashley, Sara, eu, John, Caitlin e Justin.
- Você está vendo Emília e aqueles outros garotos retardados? - perguntou Sara em meu ouvido.
- Estão lá na frente. - apontei discretamente.
- Você sabe que ela ainda anda espalhando pela faculdade que a culpa pela morte de Angelina é sua? - questionou, olhando pra mim.
- Como assim ela anda dizendo que a culpa é minha? Você acredita nela, Sara? - perguntei sem entender. Na verdade, eu nem tinha ideia que esses boatos existiam. 
- Claro que não. Você é o tipo de pessoa que só bateria numa mosca se ela pousasse na sua comida. - afirmou. - Só algumas pessoas acreditam nela, e alguns só estão com a pulga atrás da orelha. Mas são poucos, não se preocupe.
- Não sabia disso.
- Pensei que soubesse. Ela fala isso desde que Angelina morreu. Ela até te acusou em público, lembra? Todo mundo viu.
- Lembro que ela me acusou em público, mas eu sou inocente.
- Eu sei que é. - ela sorriu.
- Seria muito cruel dizer que pode ter sido bom ela ter morrido? - sugeriu John. Sara balançou a cabeça, rindo muito baixinho.
- Não se preocupe: todo mundo pensa assim. - a voz dela foi a última coisa que ouvi antes do silêncio completo e em seguida, a voz da diretora da faculdade iniciar seu discurso. 
 - É uma festa de praia, o que você está vestindo está ótimo. - disse Kate, tentando ser paciente. - Você precisa parar de ser insegura, Anna, caso contrário, ele não vai mais gostar de você.
- É garota, você vai se dar bem hoje. Ele é um gato! - concordou Britney o que me fez ficar um pouco envergonhada. 
- Vocês acham mesmo que estou bonita? - perguntei, dando uma olhada no que vestia.
- Você está muito bonita, é uma pena que não tenha nenhum tom de rosa na sua roupa. - falou Ashley, ao meu lado. Sorri para ela agradecida.
- Você ficaria sexy se usasse o vestido que mostrei...
- Estava me sentindo nua com aquele vestido, Kate. Era muito desconfortável. - falei.
- Você quem sabe. Depois, não reclame se ele perder o interesse. Vamos. - interrompeu Kate, e andamos mais rápido em direção a praia. Tinha uma festa lá, e mais pessoas do que pensei que teria. Uma mistura do pessoal mais velho com os da minha idade. Ashley e eu ficamos nervosas quando percebemos que nossa direção era o círculo do pessoal mais velho, e precisei andar de braços dados com Ashley para não perder o controle das próprias pernas quando percebi que Damon estava naquela roda. Kate e Britney pareciam muito confortáveis e sorridentes. 
- Como vão perdedores? - saudou Kate, sorrindo quando chegamos perto deles. 
- Perdedores o meu pau! - disse um garoto, risonho, dando um abraço nas duas. Me assustei com o palavrão e Ashley não parecia tão diferente. Tentei não parecer tão criança, fingir que já estava muito acostumada à palavrões, mas não era algo tão fácil de fazer, sabendo que eles eram bem mais velhos do que nós. 
- Você está gostoso, Dave, o que andou fazendo?- perguntou Britney, cruzando os braços.
- É a pura genética, linda. - sorriu convencido. De repente, pareceu notar eu e a loira ao lado das outras duas. - E quem são essas gracinhas? - perguntou, olhando curioso para nós.
- São nossas amigas. A loira é Ashley e a morena Anna Mel. - apresentou Britney. Na maioria das vezes nem parecia que elas tinham só quatorze anos. 
- Muito prazer garotas. - ele beijou a mão de cada uma, mas sempre mantendo o contato visual. - Querem uma bebida? Temos outras coisas além de bebida, se quiserem.
- Para com isso, Dave, está assustando as garotas. - falou um rapaz, ficando ao lado de Dave. E esse garoto era Damon. Fiquei tensa. - Olá meninas. - sorriu gentil e sorrimos de volta para ele.
- Só estou sendo receptivo, ou um bom anfitrião. Como quiser chamar. - justificou-se.
- Você é um idiota, cara. Sabe disso não é? - o outro riu e Damon riu junto com ele.
- As garotas se amarram nos idiotas, cara.
- Só as igualmente idiotas. - comentou Kate, a sobrancelha erguida. Dave riu, mas não gostei daquilo; parecia ter uma segunda intensão, sei lá. 
- Vocês esqueceram de dar o convite pro nerd ali? - perguntou Dave, risonho, apontando para um garoto sentado na areia, um pouco longe. Ele usava óculos, estava com um livro nas mãos e não parava de olhar pra cá.
- O Justin? - perguntou Ashley, inocente, mas eu sabia exatamente a intensão do comentário daquele garoto. E não gostei daquilo. 
- É. Kate, você não me disse que ele perseguia uma das suas amigas, não é? Qual delas você falava?
- Anna.
- Essa morena?
- Exato.
- Você disse que ele me perseguia? - perguntei sem acreditar, virando para Kate. Ela deu de ombros.
- Mas não é o que ele faz? Esse virgenzinho parece despir você com os olhos. As vezes dá até pena dessa criatura. - ela riu acompanhada por Dave e Britney.
- Para com isso, ele me olha, mas não é desse jeito.
- E que 'jeito' seria esse Anna?
- O jeito que uma pessoa normal olha para outra, ou... não vou ficar falando isso pra você. Mas é melhor parar com isso agora mesmo.
- Pelo jeito você vai ser defensora dos pobres e indefesos quando ficar mais velha. - Dave gargalhou alto. - Ele voltou pro livrinho dele. Quanto tempo será que isso vai durar? Se eu fosse você, menina do cabelo preto, teria muito cuidado com ele. Vai que...
- Já chega Dave. Deixe ela em paz.
- Mas estou falando do nerd. - disse Dave.
- Deixe ele em paz também. Vá usar suas ervas ou qualquer outra coisa. -  advertiu Damon. - E não encoste no garoto; ele não está fazendo nada com você. E nem com vocês. - dessa vez ele apontou para Kate e Britney.
- Nos rendemos. - riram as duas.
- Venham comigo. - Damon chamou-nos. Kate piscou pra mim, mas mesmo assim puxei a loira comigo, afinal de contas, ele falou com ela também. Britney e Kate ficaram com Dave, mas ainda tive o desprazer de ver ele estender o que seria um cigarro de maconha pra elas; não quis ver se elas aceitaram ou não. - Desculpem por isso, vocês tiveram o azar de conhecer o cara errado. Dave não é uma boa pessoa, mas tem pessoas legais por ali. Não julguem todos errado por causa dele. - ele caminhava para longe daquela roda, e percebi que andávamos lentamente pela orla da praia, a areia nos meus pés, o vento frio e o cheiro do mar. Ainda tinham alguns grupinhos por aqui e por ali na areia. 
- Você bebe e usa drogas? Você só tem quatorze anos, Damon. Não é legal fazer isso. - disse a loira ao meu lado. Ele riu, mas foi uma risada gentil.
- Tem razão. Mas não faço nada daquilo.
- Mas então porque fica com eles? - dessa vez eu que perguntei. Ele olhou pra mim e quase me perdi naqueles lindos olhos azuis. 
- São meus amigos. Pode não parecer mas eles são legais. E como já falei, não juguem os outros baseadas no Dave. 
- Minhas unhas estão horríveis. - a loirinha disse baixinho.
- Tem uma garota aqui que sabe fazer unhas como ninguém. Ela está sentada ali, é a morena. - apontou para uma garota sentada na areia, parecia ter do lado uma maleta, muito parecia com a de Ashley, onde ela costumava guardar seus esmaltes. - O nome dela é Tori. É só você dizer qual a sua situação que ela vai te ajudar no mesmo instante. - ele disse. Ela, animada, deu um beijo na bochecha dele e saiu correndo na direção da garota, e balançava os braços, tentando fazer sinal para a menina. Eu ria daquilo se não tivesse ficado tão nervosa por estar sozinha com Damon. Sozinha pela primeira vez. 
- Ela vai se dar muito bem com Tori, parece gostar muito de unhas. - ele riu. E que risada linda! Nossa! - Você pode me tirar uma dúvida? - perguntou ele. Continuamos nossa caminhada lenta pela areia, lado a lado. 
- Claro. - sorri pra ele.
- Porque você é amiga de Kate? - essa pergunta me pegou de surpresa. - Você parece legal, e pra ser sincero ela não é o tipo de garota "legal". Você gosta dela e de Britney?
- Não sei, acho que sim. Elas são legais as vezes.
- Isso pode ser estranho de se dizer, mas eu observava você na escola. Te acho a garota mais bonita da escola. - fiquei sem graça com aquela revelação, mas feliz ao mesmo tempo. - Sei que deve estar pensando que sou atirado, o que só estou mentindo pra ficar com você, mas a verdade é que é a primeira vez que acho uma garota verdadeiramente atraente. Desculpe, mas é a primeira vez que flerto com uma garota. - ele parecia meio encabulado, e apesar de achar aquilo fofo não sabia se podia acreditar ou não. Mas qual é, ele só tinha quatorze anos, eu não podia deixar influenciar por Kate, e se eu cometesse um erro com ele, ainda teria uma vida inteira pela frente para nunca mais repeti-lo.
- Duvido muito. - falei em tom de brincadeira.
- Juro! - cruzou os dedos na minha frente o que me fez rir. - Só tenho quatorze anos, você acha que minha mãe me deixava namorar antes disso? - rimos. 
- Tudo bem, acredito em você. - ri. - E pra não ser o único a flertar, vou dizer que você não é de se jogar fora. - ele sorriu.
- Espero que não ache que sou apressado demais, mas você aceita sair comigo amanhã a noite? Eu passo no seu quarto as 19:00pm, mas se não quiser tudo bem, não estou querendo pressionar você. - ri de sua última frase, e a possibilidade me encheu de ideias. Um encontro? Ual!
- Vou pensar no seu caso. - ele riu, meio nervoso, meio feliz, meio em expectativa. Que fofo.
- Podem vir, pessoal. Temos microfones dos dois lados. Vocês podem falar o que Angelina Torres representou na vida de vocês, uma historinha engraçada, qualquer coisa! - a voz da diretora foi a primeira que ouvi quando voltei ao presente. Pelo visto, era a vez da homenagem a Angelina. Acho que além dos poucos amigos, ninguém mais quis falar nada dela.
- Você acha que alguém vai subir lá? - ouvi John perguntar a Cait.
- Dúvido!
- Tudo bem, vocês estão tímidos. - falou a diretora, a sra. Dumpper. Precisei segurar a risada com aquela declaração. Era óbvio que ninguém ia falar bem de Angelina Torres. - Vamos fazer um minuto de silêncio, em respeito a ela. - e esse minuto silencioso veio e se foi mais rápido do que percebi, mas ninguém parecia se importar muito com aquilo. - Isso foi lindo. Formidável! - sorriu. - Agora, levantem-se lentamente e saiam devagar. Tenham um bom dia, todos vocês. - disse ela.
 A certeza que eu tinha, era que os alunos só estavam sendo respeitosos por Raquel. Tirando o fato que ela flertou com Justin, ela era uma pessoa legal. Muita gente gostava dela e talvez seja por isso que o auditório estivesse cheio hoje. Foi por isso que todos saíram em silêncio do lugar, fileira por fileira, como se não tivessem mais nada pra fazer pelo resto do dia. O clima só voltou ao normal quando chegamos ao estacionamento.
- O que vocês vão fazer agora, galera? - disse John, assim que nos aproximamos do carro.
- Bom, nós vamos pra casa. - respondeu Damon, apontando para si e depois para Ashley. E Caitlin e Mike concordaram com os dois.
- Nós vamos visitar a livraria nova, você vem com a gente? Vai ser divertido. - convidou Justin, apontando para mim e Sara, mas seu amigo negou com a cabeça.
- Não, livrarias não são o tipo de passeio que me "inspiram". E além do mais, acabei de lembrar que tenho umas coisas pra resolver. Vejo vocês amanhã. - ele se despediu com um aceno.
[...]
- Anna vem cá, você precisa ver isso! - Sara pegou meu braço e me puxou para a sessão de discos da livraria. Depois de ficarmos um pouco juntos observando os livros, nos separamos para ver melhor a sessão de livros que mais interessava a cada um. Por isso levei um susto com Sara quando ela me puxou, toda estabanada e animada. Quase pulei de alegria quando vi o que ela tinha me mostrado.
- O novo cd do Justin Timberlake! - comentei animada. - Eu estava louca pra comprar, mas pela internet ia demorar pra chegar e sou muito ansiosa e...
- Ia ser terrível ficar esperando. Entendo perfeitamente. - ela concordou, sorrindo. - Está muito lindo.
- Verdade!. - disse, olhando pro cd.
- E o melhor: ainda restam dois discos. - sorriu. Ou seja, um meu e outro dela. - Eu adoro essa música. - apontou para uma faixa.
- TKO é uma música um tanto ousada. - comentei.
- Baby, every day in training to get the gold, That's why your body's crazy, But you can't run from yourself, That's where it's difficult. Girl i can see in your eyes, That there's something inside that made you evil, Where did you go cause it just ain't fair, Over here thinking 'bout the shit you say, Don't know why it gets to me... - ela cantou o começo da música, muito bem até. Sorri, me empolgando com aquilo.
- It cuts right on my eye, yeah it hurt, won't lie. Still can't see, think I saw you with another guy. Can't fight, knocked down, then i got over you. Can't fight no more, you knock me out. What am i supposed to do? - cantei com ela que riu.
- I don't understand it, Tell me how could you be so low? - ouvi alguém cantar atrás de mim, com uma linda voz, e quando me virei para olhar, era Justin. Sorri. - Been swinging after the bell, And all of the whistle blows. Tried to go below the belt, Trough my chest, perfect hit til the dawn. Dammit babe. This ain't the girl I used to know, No, not anymore, TKO. - finalizou, parando ao meu lado. Nos olhamos e rimos.
- Canta bem, Justin! - Sara disse, tentando se conter. A graça estava apenas em termos cantado uma música juntos e... Tá, só posso dizer que foi engraçado, mas não sei explicar porque.
- Fazemos um belo trio cantando. - comentou ele, risonho.
- Mas como é que você conhecia a letra da música? - perguntei curiosa, segurando meu disco. Sara estava com o dela, é claro.
- Sério que vocês estão mesmo me perguntando isso? - arqueou a sobrancelha, e depois entendi. Ele convivia com duas fãs loucas, ou seja, eu aposto que ele não aguentava mais ouvir aquela música. Sara e eu rimos dele, é claro.
- Mas olha só, agora o repertório vai mudar um pouco. - Ergui um disco. O mais recente de Marron 5. Ele riu, e Sara, no entanto, arregalou os olhos.
- OMG, VOCÊ TAMBÉM GOSTA DE MARRON 5?
- Uhum!
- Caraca, amigo, casa comigo velho! - disse abrindo os braços, o que me fez rir, o que fez Justin rir, o que fez uma mulher que passava por perto rir também. Até uma senhora com sua netinha riram do que Sara falou. Ela pegou outro disco pra ela, alegre.
- I miss the taste of a sweeter life, I miss the conversation. I'm searching for a song tonight, I'm changing all of the stations. - cantei, e os outros dois resolveram me acompanhar na parte seguinte. - I like to think that we had it all, We drew a mapto a better place, But on that road i took a fall, Oh baby why did you run away? - cantamos um pedacinho de Maps.
- Gente, nós vamos dar uma passada na praia, no meu carro, ouvindo essa música maravilhosa. E não aceito um "não" como resposta. - disse Sara, fazendo movimentos com a mão livre.
  No final das contas, eu comprei dois livros da Aghata Christie, um do Stephen King e os dois discos. Sara pegou os dois discos, O Hobbit e O Chamado do Cuco. Justin, pegou um livrinho de medicina (não me pergunte porquê!) o último livro da trilogia O Senhor dos Anéis (pra completar a coleção dele) e resolveu comprar os três primeiros livros de O Guia do Mochileiro das Galáxias. É claro que compramos essas coisas todas porque a loja em questão estava com promoção de inauguração. Saímos felizes e gastando pouco.
  Porém o que tinha marcado ainda mais o meu dia, era a definitiva constatação do quanto Sara era uma pessoa legal. 

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