12 de mar. de 2015

My Dear Nerd - Heart by Heart - Capítulo 21 - Wild Heart

POV ANNA
  Fiquei ali, sentada ao lado do meu avô, contando sobre o que tinha acontecido nos últimos dias. E também nos últimos anos. Ele era a única pessoa que a quem eu admitia, sem vergonha nenhuma, que chorava. Disse como chorei pela morte da vovô, a esposa dele, e como chorei pela morte dos meus pais. Ele logo entendeu que o motivo de não chorar na frente de ninguém era simplesmente porque eu odiava olhares de pena que as pessoas faziam, mesmo involuntariamente. E ele me entendeu e não julgou minha atitude.
  Meu avô era a pessoa mais sábia que já conheci, e era maravilhoso conversar com ele. Um grande homem. Me deu conselhos que só uma pessoa como ele poderia dar.
- Seja forte. Pelas pessoas que ama e pelas que já se foram. Eles nunca terão ido embora enquanto os tiver guardados aqui. - ele apontou para meu coração e sorriu. - Tenho muito orgulho de você. E sei que seus pais também tinham.
- Sente falta delas? - perguntei, me referindo a mamãe e vovó.
- Muito mais do que imagina. - confirmou, suspirando em seguida. - Quando sua avó se foi, achei que minha vida tinha acabado também.
- Mas se mante firme.
- Porque eu sabia que minha querida gostaria que eu fosse firme por sua mãe e sua tia. E apesar da dor ainda estar comigo, a tenho em meu coração e memória. E ela de fato não foi realmente embora. - quando ele diz 'minha querida' está se referindo a minha avó.
- Não sou tão forte como o senhor.
- A dor é inevitável. Faz parte da vida. Todos vamos nos machucar em algum momento. Você só não pode viver uma dor sem fim.
- Está falando isso porque o senhor pode ir embora a qualquer momento? - pergunto, mas evito a palavra 'morte'.
- Todos nós podemos morrer a qualquer momento. - ele sorri gentilmente e beija minha bochecha. - Tenho que ir agora, querida. Seu irmão quer me mostrar alguma coisa e estou desconfiando que vai aprontar alguma. - rimos e ele vai embora.
  Me deito no jardim de casa, observando o entardecer daquela noite de terça feira. Repasso algumas vezes minha conversa com meu avô e percebo que tem razão. E do quanto estou feliz por estar aqui, por estar vivo. No meio disso, sinto alguém deitando do meu lado. Reconheço a voz imediatamente.
- Um pôr-do-sol lindo. - diz ele.
- Verdade.
- Vi seu avô, faz uns dois minutos. - comenta. Ouço o barulho bem conhecido do pacote de Doritos sendo aberto. Mas ainda assim, não olho pra Justin. - Ele é um senhor bem simpático.
- Ele é maravilhoso. - respondo.
- Você quer? - Justin estende o saco pra mim, e obviamente não recuso. Deito de lado na grama, e ficamos frente à frente. - Como está?
- Bem. - estranho a pergunta que foi feita com cautela.
- Ashley me contou que seu avô está muito doente. E fiquei preocupado. - preciso lembrar de chutar o traseiro da loira por ser tão tagarela.
- Estou bem. - é tudo que respondo. Não gosto de falar sobre esse assunto com ninguém. - E você? Já conseguiu lembrar de algo?
- Está exatamente como antes. Mas continuo tentando. Meu quarto tem muitas coisas recheadas informações importantes e estou processando todas e as ponto em ordem cronológica. Talvez isso possa ajudar.
- Pode chamar se precisar de uma mãozinha. - me ofereço e ele sorri. Ficamos alguns minutos ali. Apenas deitados, curtindo a guloseima.
- Quer sair comigo? - pergunta tão de repente que levo alguns segundos para registrar aquela informação. - Bem, pensei que a gente podia ir pra o lugar do nosso primeiro encontro. Pode ajudar.
- Nosso primeiro encontro aconteceu em outro país.
- Então podemos ir pro primeiro lugar que fomos quando chegamos aqui. Se você quiser, é claro.
- Me espera trocar de roupa? - pergunto, tentando não demonstrar o quanto estou feliz com a oferta. Ele concorda, sorridente.
- Claro. Te encontro as sete n fim da escada?
- Estarei lá.
[...]
- É um encontro. - cantarola a loira, arrumando meu cabelo.
- Não, não é. Ele só quer tentar lembrar de alguma coisa.
- Que parte do 'estou sempre certa' que você não entendeu? - pergunta, mas continua risonha. Caitlin sai do meu closet com as roupas e os sapatos. Ashley fica animada, mas me espanto com a produção. - Boa escolha, florzona. Amei a combinação.
- Ah, obrigada. - Cait agradece, toda orgulhosa.
- Gente, é sério, não exagera. - falei, mesmo sabendo que elas não ouviriam.
- Relaxa. Só confia na gente. - respondeu Caitlin.
- Isso mesmo. - continuou a loira. - Agora fica quieta que eu preciso terminar o seu cabelo e dar os retoques finais. - ela virou minha cabeça de frente para o espelho, e não ofereci resistência. De fato, quando elas terminaram de me vestir, senti que estava muito bonita. E fiquei feliz por ter confiado nelas. Peguei minha bolsa e a pus no ombro e desci as escadas. Tentei não ficar olhando muito pra Justin; ele estava muito lindo. Muito mesmo. Ele sorriu pra mim e estendeu a mão pra me ajudar a descer os últimos degraus, mesmo aquilo não sendo necessário.
- Você está muito bonita. - foi a primeira coisa que ele disse.
- Digo o mesmo pra você. - sorri de volta. - Está pronto para irmos? - perguntei.
   Depois que ele concordou, nós saímos. Como todos os meus amigos e meu irmão achavam que aquilo era um encontro, pudemos ficar com o carro esta noite. O caminho até o restaurante perto da praia foi relativamente curto, acho que devido ao fato de ele não parar de fazer perguntas. Deixei o carro perto da praça e fomos andando. Caminhamos de braços dados e percebi que aquele foi o mais próximo que cheguei dele desde a perda de memória.
- Onde vamos? - perguntou ele, alguns minutos de silêncio depois. Sorri quando paramos perto de um restaurante e de algumas outras lojinhas perto da praia.
- Tem um lugar que fomos e que, depois daquela noite, voltamos sempre que podíamos.
- Mas é compreensível que voltamos. Do jeito que gosta de comida, não seria nenhuma surpresa querer entrar no primeiro restaurante que encontra, gostar, e decidir voltar. - ele riu.
- Justin, você lembrou? - perguntei sem acreditar no que tinha ouvido. Ele parou de sorrir e parecia um pouco sem graça. Minhas esperanças foram todas pelos ares com sua resposta.
- Não, eu sinto muito. Quer dizer, eu deduzi que era, pelo que sei da sua personalidade e... Espera, porque achou que lembrei? Foi assim que aconteceu?
 Ouçam Daughtry - Wild Heart
- Foi exatamente assim que aconteceu. - afirmei. Mas resolvi deixar aquilo pra lá e o puxei delicadamente pela mão para entrarmos no estabelecimento. - Mas pra nós, isso aqui era bem mais do que um simples restaurante. - sorri de novo, resolvendo esquecer o pequeno incidente anterior.
  Justin estava curioso e animado. O garçom, que já nos conhecia, não precisou perguntar mais de duas vezes sobre o que iríamos pedir. Era um senhor gentil, que sempre arrumava os óculos de cinco em cinco minutos. Expliquei pra ele que, além da excelente comida, do conforto e ótimo atendimento, mostrei a ele o andar de cima, que tinha um pequeno espaço de leitura para os clientes que preferiam um ambiente mais calmo para comer e ler.
  Mostrei o lugar pra ele enquanto esperávamos nossa comida ficar pronta, e ele estava muito contente. Não disse pra ele que aquele era seu "restaurante" favorito devido ao espaço que agora via diante dele. Porque aquela tinha sido a mesma reação que ele teve quando esteve aqui da primeira vez. Voltamos pra mesa e comemos. Ele estava ainda mais empolgado e isso me fazia rir. Durante a conversa e algumas curiosidades que eu contava pra ele, a comida acabou mais rápido do que percebi: como sempre, é claro. O garçom deixou uma caixa de chocolates sobre a mesa e foi atender outro cliente. Justin, obviamente, não entendeu.
- Além de todas as coisas que te contei, - comecei. - aqui eles tem uma espécie de roleta russa, só que de chocolate. A graça disso é que, não importa quantas caixas você compre, nunca dá pra saber qual é gostoso ou não.
- Vamos fazer assim, então: pegamos um bombom aleatório e provamos ao mesmo tempo. Quem fizer careta perde um ponto. - propôs ele. Me perguntei se ele tinha se lembrado disso, porque se não, era isso que fazíamos sempre que estávamos aqui. - Quem fizer mais careta, vai ter que deixar a Ashley a pintar as unhas de rosa.
- Oh não! - ri, mas aceitei a aposta.
  Pegamos nossos bombons e comemos. Ele fez careta enquanto o meu chocolate era maravilhosamente doce. Quando terminamos, eu tinha perdido a aposta. Eu estava tão contente que não importei que deixaria a loira pintar minhas unhas. Ele insistiu em pagar a conta sozinho e saímos dali de barriga cheia e risonhos.
  Nós andávamos pela orla da praia, de braços dados, conversando sobre como alguns clientes nós olhavam estranho por causa das nossas risadas, quando começou a chover. No começo, eram gotas tão mínimas  que não nos importamos muito. Mas depois a chuva ficou mais forte. Quando decidimos correr até o carro, já estávamos encharcados. Ele começou a cantarolar e correr, me puxando pela mão. Decidi me deixar levar pelo momento e não me preocupar com uma futura gripe.
   Justin me segurou pela cintura com as duas mãos e me ergueu no ar, antes mesmo que eu tivesse chance de reagir. Ele estava se divertindo imensamente. E eu também. Apoiei as mãos em seus ombros e ele deu uma volta comigo naquela posição. Quando me pôs no chão, continuei com os braços apoiados em seus ombros e ele com as mãos em minha cintura. Gradativamente, não estávamos mais rindo. Observávamos os olhos um do outro, em um encantamento silencioso.
  Foi maravilhoso enquanto durou. 


Roupa do Justin: http://data2.whicdn.com/images/117818315/large.gif
Roupa da Anna: http://data1.whicdn.com/images/131080905/large.png

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