9 de mai. de 2015

My Dear Nerd - Heart by Heart - Capítulo 25 - Chamo Isso de Amor

POV JUSTIN
  Vou tentar resumir meu dia, que por sinal, foi uma loucura! Uma verdadeira montanha russa de emoções.
   Então vamos começar do começo.
  As coisas estavam bem no inicio da manhã. Muito bem mesmo. Quando acordei, Anna estava fazendo panquecas. A mesa tinha comida suficiente para oito pessoas comerem até não suportarem mais. Até Sara e John estavam lá. Todos estavam rindo, sentados na mesa de jantar. Amora e Collin perseguiam um novelo de lã, e os outros dormiam preguiçosos ao lado de seus donos; ou o mais próximo disso que podiam. Todos pareciam felizes como nunca antes visto; ao menos pelo que lembro, que não é lá muita coisa. Sentei ao lado de Sara, que comia uma banana.
- Não é tão ruim assim. - reclamou a loira, do outro lado da mesa.
- Esse tipo de coisa faz com que sinta vontade de me jogar do ponto mais alto do prédio da faculdade. Como a Angelina fez. - respondeu Damon, mordendo uma torrada. A loira parecia irritada.
- Se bem que disseram que ela já caiu morta. - corrigiu Caitlin.
- Bom, pelo menos a vadia não tomou a decisão de morrer sozinha. - continuou Damon, com um sorriso.
- Será que vocês, por favor, pessoas más que deveriam me amar muito, focar no problema principal? - interrompeu a loira, no momento exato em que John ia fazer uma piada a respeito. Me arrumei na cadeira, confuso em saber qual era o "problema principal" ao qual ela se referia, e mesmo minha amiga Sara me advertindo com o olhar, fiz a pergunta que, segundos depois, percebi que não deveria ter feito.
- E qual é o "problema principal", loira? E porque está tão chateada? - perguntei. Ela largou a torrada com pasta de amendoim com um suspiro em cima do prato.
- Ninguém quer assistir meu filme comigo, acredita, pessoa que me ama? Ingratos! Todos vocês! - ela apontou para as pessoas na mesa. - Eu sou tão generosa em permitir que admirem minha beleza todos os dias, e como vocês me agradecem? Não querem nem assistir meu filme favorito comigo, e eu nunca peço nada em troca.
- Na verdade, se você nos deixa "admirar você" todos os dias e quer que assistamos o filme com você, isso é pedir algo em troca. - corrigiu Damon, que logo se ocupou com sua porção de ovos com bacon para não encarar a loirinha e sua carinha que dizia claramente "vou arrancar todas as suas unhas se não calar a boca agora".
- E qual é o nome do filme?
- Querida, Querida Unha. É um filme excelente, Justin. Você deveria ver. - sugeriu ela.
- Querida Querida...
- É um documentário sobre unhas. - Anna me interrompeu, trazendo um prato cheio de panquecas pra nós e com bastante molho. Sentou do lado da loira, o único lugar vago. - E, acredite em mim, você não quer mesmo ver.
- Hey, abelha, assim não dá! Vai que agora ele gosta do meu filme.
- Documentário. - corrigiu Mike.
- Isso também.
- Esperem um momento. Como assim, agora eu vou gostar? Eu já assisti isso? - perguntei, confuso.
- Já sim, mas é que agora você está falecido de memória e não lembra. - explicou Ashley.
- Desfalecido de memória? - Sara olhou estranho para Ash que deu de ombros.
- Gostaria de saber quem fez esse documentário, só pra dar neste ser humano cruel um banho de esmalte preto, aliás, de todas as cores, só pra ele aprender uma lição. - comentou John, enquanto repassava o prato de panquecas. Peguei as minhas e passei o prato para Sara
- Você já assistiu? - perguntei.
- Não tive como impedir. - ele fez cara de sofrido e todo mundo na mesa riu. Mike continuava com suas risadinhas tímidas, enquanto a irmã dava um sorriso de lado estilo Mona Lisa. Pensei que o choro de ontem tinha, afinal, ajudado. Sem falar que dormi muito mal noite passada, minha mente fixa no momento em que ela me beijou.
- Vocês, de fato, não sabem apreciar uma obra de arte! - disse Ashley, pondo mais calda de chocolate em suas panquecas. - Espero que um dia, Deus ilumine a cabecinha de vocês e finalmente percebam que sempre estive certa, que sempre estou certa e que sempre estarei certa. Mas ainda, infelizmente, não me ouvir é um mal que acomete a família americana e canadense e brasileira.
- Ainda bem. - comentou Sara. Dessa vez, todo mundo gargalhou. Sem exceção. Até Ashley que, mesmo meio brava com o comentário de Sara, deu uma risada antes de ficar séria de novo.
- É mesmo, é? - levantou e todos nós a olhamos ao mesmo tempo quando ela fez isso. - Sabem a ida à praia de hoje? Esqueçam.
- O que vamos fazer hoje, então? - perguntou Anna, confusa.
   Em troca, Ashley deu uma risada maléfica. Ou que ela achava que era maléfica.
[...]
   É, eles estavam certos. Redondamente certos. Ashley era a única que tinha um sorriso de um canto ao outro dos lábios, os olhos vidrados na tela da TV, tão empolgada com o filme que não tirava os olhos da tela. Os outros dormiam. Damon cochilava com a cabeça no colo da loira, Anna dormia apoiada em Sara que estava apoiada em John que se apoiava em Cait que fazia o mesmo com Mike. A loira e eu eramos os únicos que estávamos acordados.
  Era um documentário bem maluco, que finalizava com a frase "Cuide bem das suas unhas e elas vão te agradecer". Quando Querida, Querida Unha acabou e a loira percebeu que o pessoal acabou dormindo, choramingou para mim.
- Viu só, pessoa que me ama? Eles dormiram. De novo.
- Não fique triste. - tentei. - Até que gostei do seu documentário. - menti e vi que ela abriu um sorriso.
- Sério?
- Sim, ele é bem... hmm... curioso. - curioso para dizer o mínimo, pensei. Mas ela parecia bem contente.
- Viu só? Eu disse pra abelha que dessa vez você ia gostar! - ela sorriu ainda mais, apertando minha bochecha. Doeu um pouco, mas não disse nada. - Vamos assistir de novo quarta que vem? Certo! - perguntou e depois deu a resposta por mim. Enquanto eu percebia que teria que assistir aquilo mais uma vez, ela acordou todo mundo com gritos entusiasmados. Se eles estavam assustados com os gritos dela? Quem se importa? Eu vou ter que assistir Querida, Querida Unha de novo!
   Bom, depois que todo mundo tinha reabastecido as energias, fomos a praia. Enquanto os outros arrumavam as coisas, contei para Sara, John e Anna minha conversa com a loira e o quanto eu só pensava que tinha que voltar a assistir aquele documentário. Eles riram de mim, é claro, mas a parte boa dessas risadas é que Anna estava entre as pessoas que riam. E era muito, muito, muito bom mesmo ouvir o som da risada dela. Ela parecia menos triste, o que já era um grande avanço, considerando o quanto Anna é durona. E de repente, contar aquilo valeu a pena.
- Vocês podem ajudar aqui, ou está difícil? - Damon gritou de onde estava. Ele e Mike precisavam de ajuda com o guarda sol e John e eu fomos ajudar. As garotas estavam usando protetor solar, passando o creme umas nas outras. Discretamente, observei Sara passar a loção nas costas de Anna, que agora vestia apenas o biquíni verde que lhe caía tão bem, e imaginei não Sara, mas eu, a pessoa quem destruiria a loção no corpo dela. Imaginei se a pele dela era tão macia quanto parecia e como queria ser as mãos de Sara, quando Mike me deu um peteleco na orelha.
- Vai ficar cego se olhar demais. - ele riu e eu fiquei muito envergonhado. Arrumei o óculos e olhei para o mar, já que era bem pior observar o sorriso que ele tinha estampado na cara. Pior do que fazer, era ser pego. E fui pego com a boca na botija. - Relaxa cara. Não vou querer te bater ou outra coisa; você só estava olhando, apesar de que espero que não com segundas intenções "barra" pensamentos. - disse ele. Me apressei em assegurar-lhe que eu nunca faria isso com a irmã dele e ele assentiu com a cabeça.
- Como vai você? De verdade? - perguntei pra ele.
- Em relação ao senhor que morreu no meu ombro, quase neste mesmo lugar? Estou mal. - respondeu com um suspiro. - Você sabe que é o tipo de dor que não passa, a gente só aprende a conviver com ela. É o que estou fazendo. E acho que Anna também, do jeito dela, claro. Cada um tem seu jeito de lidar com a morte.
- Tem algo que eu possa fazer por você?
- Infelizmente não. O que nos deixaria feliz seria ter meus pais e avôs de volta, mas isso é impossível, então não há nada a ser feito. Eu só peço que não magoe minha irmã ainda mais. Não dê esperanças desnecessárias. Ela ainda te ama e não merece sofrer mais do que já está sofrendo. Já é o bastante, não é? - concordei com a cabeça, e fiquei admirado com a maturidade dele. De fato, Mike era a pessoa mais madura que conheci, pelo menos pelo que me lembro.
- Acho que estou apaixonado por ela. - falei mais rápido do que gostaria, apesar de jurar a mim mesmo que não contaria isso a ninguém até ter certeza absoluta. Ele só me olhou por uns instantes, como se precisasse pensar no que dizer. Eu nem sabia porque tinha dito aquilo.
- Certo. - foi o que ele disse, ainda um pouco surpreso com a rapidez da informação.
- E não sei o que fazer. Estou completamente confuso. Quer dizer, eu a amei muito antes? Posso amar de novo, ou preciso lembrar de tudo para...
- Você já amou uma vez, Justin. Pode amar de novo.
  Quando ele já estava razoavelmente longe de mim, ajudando os rapazes com as coisas, voltei a olhar para ela. E sorri.
[...]
 Ouçam Lionel Richie - I Call It Love
- Qual é, eu sei que fui melhor no arremesso. Mesmo sem os óculos. - me gabei quando já estávamos fora d'água. Anna bateu em meu ombro, o que me fez rir mais. Andávamos juntos pela areia da praia até onde estavam nossas coisas. Tinha sido um dia muito divertido, e eu estava me gabando naquele momento de saber jogar bem vôlei. Mas ela não parecia nenhum pouco chateada por isso. Na verdade, parecia diverti-la. Me perguntei se já tinha feito aquilo antes.
- Você roubou, estou dizendo. - retrucou, balançando a cabeça com um sorriso tímido nos lábios. Ela estava linda, ainda mais linda, com aquele biquíni que destacava ainda mais suas curvas perfeitas, os cabelos e corpo molhados, as bochechas rosadas e os olhos que pareciam ainda mais verdes e ainda mais brilhantes. Nos sentamos no pano estendido sobre a areia, em baixo do guarda sol, lado a lado, separados apenas por alguns centímetros.
- Achei ofensivo. - ela riu. Foi inevitável. E ri junto, ainda olhando pra ela.
- Eu cozinho para você, mantenho sua barriga cheia da melhor comida que vai provar em toda vida e ainda sim diz que foi ofensivo? Deveria te dar uns bons chutes no traseiro por isso. - ri de novo.
- Se você alcançar. - dei de ombros. Ela me olhou de cima a baixo, como se estivesse se decidindo sobre o que fazer, então, levantei depressa e saí correndo pela areia, com ela atrás de mim.
- Volte aqui, imediatamente, ou você vai ser incapaz de sentar por meses. - ela berrava, mas eu podia ouvir o riso em sua voz. Então ri ainda mais, entrando na água, sabendo que lá, seria mais difícil dela me chutar (porque eu tinha certeza de que ela conseguiria se estivéssemos em terra, ouvi Damon e Ashley falarem demais para ter certeza absoluta disso. E Damon disse que um chute no traseiro era garantido, não importa a altura da vítima). Anna veio atrás de mim, mas já estava tão cansada e respirava tão rápido que a segurei até que ela tivesse se recuperado um pouco da corrida. Resolvi brincar com ela.
- Isso que dá ter pernas curtinhas. - brinquei, rindo. E foi aí que a coisa ficou estranha. Ela estava rindo no começo, mas as risadas se transformaram em choro. Um choro contido e baixinho, mas ainda sim um choro. E pude sentir a agonia dela. Me arrependi imediatamente de ter feito aquela piada. - Me desculpe, por favor. Perdão. Não queria chatear você, só estava brincando. - tentei me desculpar, mas ela negou com a cabeça, olhando pra mim.
- Não estou chateada com isso, Justin. - ela respirou fundo, tentando se acalmar. Enxuguei suas lágrimas, esperando ela voltar a falar. - Enquanto eu corria atrás de você, com o coração batendo tão rápido e com o pulmão procurando por ar e as pernas cansadas, percebi que estou viva. Vivíssima! - ela voltou a chorar de novo. E entendi onde ela queria chegar.
- Eu sei. Eu sinto muito. Muito mesmo!
- É horrível, finalmente cair a ficha que ele não vai mais voltar. Que nunca mais vai correr como nós, sentir o cheiro do mar o vento nos cabelos, ouvir uma boa música, comer um belo café da manhã, sentir o coração bater rápido no peito, ler um bom livro, ou ver os netos se formarem na faculdade e se casarem. Eu percebi que estou viva e ele não. E dói tanto. Só quero que pare de doer. - ela parecia derrotada de novo, totalmente perdida. Toquei seu queixo com o dedo indicador e ergui lentamente a cabeça. Ela já não se preocupava em esconder as lágrimas.
- É horrível mesmo. Mas quer saber? Um dia, vai deixar de doer. E aí, você vai lembrar dos bons momentos que teve com ele e pensar no quão sortuda foi por ter estado com ele. E isso vai encher seu coração de alegria, porque tenho certeza que ele gostaria de encher o coração de vocês de alegria e amor ao lembrar dele. E enquanto ele estiver em seu coração, ele sempre estará com você.
- Obrigada. - ela sorriu fraquinho e me abraçou forte. Anna apoiou a cabeça na curva do meu pescoço enquanto minhas mãos rodeavam sua cintura de forma protetora. Fiquei feliz por estar vivo para sentir a respiração dela em meu pescoço. Voltei a falar.
- E não, você não me perdeu. Só estou tentando achar meu caminho de volta pra você.


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